Projeto da Ypê, Imaflora e SOS Mata Atlântica vai investir R$ 2,2 milhões em restauração de área de preservação
Com foco na segurança hídrica e na biodiversidade, o Projeto Plantar Vida tem como objetivo plantar mais de 33 mil mudas em Áreas de Preservação Permanente de São Paulo e Minas Gerais
Um projeto de restauração florestal tem transformado a paisagem e a perspectiva ambiental da Bacia do Rio Camanducaia, que abrange municípios dos estados de São Paulo e Minas Gerais. Trata-se do Plantar Vida, iniciativa que une a Ypê, o H2A Hub Agroambiental do Imaflora e a SOS Mata Atlântica com o objetivo de recuperar Áreas de Preservação Permanente (APPs) e fortalecer a resiliência hídrica da região.
Desde 2021, quando o projeto começou, até 2024, já foram firmados contratos para restaurar 36 hectares, com realização do plantio de aproximadamente 76 mil mudas de espécies nativas — o equivalente a mais de 30 campos de futebol. O esforço se concentra em uma bacia hidrográfica estratégica, que abastece cerca de 300 mil pessoas e cobre 1.000 km² em 11 municípios.
Os investimentos entre 2021 e 2024 somaram R$ 2,5 milhões, dinheiro que foi direcionado a estudos, visitas técnicas iniciais e o primeiro ano de plantio.
Agora, para o ciclo de 2025 e 2026, foi firmada uma parceria com as organizações SOS Mata Atlântica e Imaflora. Estão previstos investimentos de R$ 2,1 milhões para este e o próximo ano. Para esse biênio, serão plantadas 108 mil mudas em uma nova área, maior do que a dos primeiros anos, de 43,5 hectares , mas na mesma região.
“Atingir o marco de plantar 19 hectares em Áreas de Preservação Permanente na Bacia do Rio Camanducaia é um importante, pois não só contribui para a recuperação da biodiversidade local, mas também fortalece o papel do produtor rural na proteção e recuperação dos recursos hídricos”, afirma Gustavo de Souza, diretor de Sustentabilidade da Ypê.
Com investimento de R$ 2,1 milhões, a iniciativa oferece suporte técnico e estrutural aos proprietários rurais interessados: desde o fornecimento de insumos até a execução do plantio e a manutenção das áreas por até dois anos. Depois desse período, o acompanhamento técnico continua por mais 24 meses.
“Esta é uma iniciativa fundamental para a recuperação ambiental de áreas degradadas. A parceria com a Ypê, por meio desse programa, é essencial para potencializar a restauração dessas áreas, alinhando esforços de preservação e sustentabilidade com o desenvolvimento rural”, avalia Leonardo Sobral, gerente geral do H2A Hub Agroambiental.
A restauração das matas ciliares depende também da adesão dos proprietários locais, e o Plantar Vida segue com vagas abertas para interessados em restaurar suas APPs. Segundo Adriano Yamamoto, gerente de Sustentabilidade da Ypê, a expectativa é que os produtores que se juntarem ao projeto também se beneficiem da melhoria da disponibilidade de água, da valorização ambiental de suas terras e da participação ativa em um modelo de desenvolvimento regional mais justo e sustentável.
“O Plantar Vida é uma oportunidade para que os produtores rurais possam atender às exigências locais do Código Florestal brasileiro, além de representar um esforço essencial para enfrentar os desafios globais da mudança climática”, diz Yamamoto.
Com foco na restauração ecológica, o projeto já começa a mostrar resultados concretos em municípios como Amparo (SP). Entre os benefícios ambientais observados estão o aumento da resiliência hídrica, com maior infiltração e retenção de água no solo, a redução da erosão e do escoamento superficial, além da recuperação da biodiversidade com o retorno de espécies nativas de fauna e flora.
Outro impacto relevante é o sequestro de carbono: estima-se que as áreas em recuperação possam remover até 4.320 toneladas de CO₂ nos próximos anos. O programa também tem gerado empregos e fortalecido o engajamento comunitário, por meio de atividades de educação ambiental e plantios simbólicos que aproximam a população da causa.
“Com o uso da plataforma Carbon on Track, conseguimos acompanhar em tempo real o progresso do reflorestamento e o sequestro de carbono, garantindo total transparência. O engajamento dos nossos voluntários em Amparo reforça que sustentabilidade é uma jornada coletiva, e estamos orgulhosos de ver esse movimento crescer”, complementa Gustavo de Souza.
Diagnóstico e escala do desafio
Na primeira fase do projeto, um estudo identificou 440 hectares de APPs com déficit de cobertura nativa na Bacia do Camanducaia. Essa análise, segundo os idealizadores, é essencial para a priorização estratégica do plantio, considerando fatores como conectividade ecológica e risco de erosão.
“A classificação da sub-bacia do Rio Camanducaia como de prioridade ‘Muito Alta’ para restauração e ‘Extremamente Alta’ para conservação da biodiversidade reforça a grande importância do projeto para o desenvolvimento sustentável e o bem-estar das futuras gerações”, afirma Yamamoto.
A água, insumo essencial para os processos industriais da Ypê e para a vida no planeta, é também o principal foco ambiental da companhia. A bacia do Rio Camanducaia, onde está localizada a principal fábrica da empresa, é uma região estratégica para os esforços de restauração. “O projeto mira o fortalecimento da segurança e da resiliência hídrica da bacia, mitigar riscos climáticos, ampliar a biodiversidade local e melhorar tanto a quantidade quanto a qualidade da água do Rio Camanducaia”, explica Yamamoto.
