Por que a rinite ataca no outono? Especialista ensina a evitá-la
A rinite alérgica é uma condição considerada comum por especialistas da saúde, podendo acometer até 50% da população mundial — e, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 25% dos brasileiros. Com o outono e a prevalência de um clima frio em algumas regiões do país, as chances da rinite atacar aumentam, já que os ambientes costumam ficar mais fechados.
Isso acaba gerando um acúmulo de poeira, ácaros e mofo, alguns dos causadores das reações alérgicas — segundo um estudo da Organização Mundial da Alergia, só o mofo é responsável por 40% dos casos de rinite alérgica, costumeiramente gerado pelo excesso de umidade no ar e falta de ventilação na casa.
Para saber mais sobre as causas da rinite e receber algumas dicas para evitar e combater os problemas respiratórios relacionados à alergia, o Canaltech conversou com Ellen Sodré, otorrinolaringologista e membro do Corpo Clínico do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo.
O outono e a rinite
Segundo a especialista, entre os agravantes do outono estão as mudanças de temperatura. Elas fazem com que as mucosas do nariz fiquem com as funções ciliares mais lentas, ou seja, os “pelinhos” que protegem as vias respiratórias de invasores não funcionam tão bem.
Com isso, há uma redução da drenagem das secreções, que se acumulam e acabam irritando a mucosa, deixando-a mais suscetível à reação a alérgenos, irritantes e até mesmo vírus. O frio também costuma estar ligado a um ar mais seco, o que pode causar ressecamento, irritação e mais chances de inflamações ou infecções.
Em temperaturas mais baixas, também acabamos fechando mais a casa e os ambientes de convivência, diminuindo a circulação do ar. Com isso, os esporos de fungos liberados não são ventilados para fora, podendo causar sintomas alérgicos — o mesmo vale para a poeira e para os ácaros presentes no ambiente.
Sodré ainda aponta que há uma causa não alérgica de rinite — a rinite vasomotora, que ocorre principalmente no frio, onde há contração dos vasos sanguíneos da mucosa nasal. Nesse caso, o nariz fica mais congestionado e inflamado que o normal, gerando uma sensação de nariz entupido e dificuldade para respirar. Estudos apontam que até 71% dos casos de rinite são vasomotores.
Como evitar a rinite alérgica
A otorrinolaringologista compartilhou algumas dicas para evitar os alérgenos, especialmente voltadas para ambientes internos, como a casa. Confira:
- Ventilar o ambiente: mesmo no frio, é importante deixar a casa bem ventilada, para que o grosso da poeira e dos alérgenos que nela ficam saiam, evitando também o acúmulo de umidade;
- Trocar ou retirar móveis: em ambientes ventilados ou não, móveis e tecidos, como cortinas, tapetes, cobertas e colchões acumulam poeira, ácaros e, possivelmente, mofo. Vale higienizá-los com frequência ou retirá-los do ambiente quando muito fechado, e trocá-los quando muito velhos e empoeirados;
- Lavar o nariz: tanto para evitar a rinite quanto para diminuir seus efeitos, vale lavar o nariz com solução fisiológica, como com spray nasal. Além de descongestionante, a lavagem remove os irritantes do nariz e ajuda a diminuir a sensação de irritação.
Sodré aponta que as dicas valem para todos os tipos de rinite, da alérgica à vasomotora, e, embora tenham sido elaboradas para os momentos de mais frio e fechamento dos ambientes, podem ser aplicadas o ano todo para garantir uma boa saúde respiratória.
