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Plataforma ajuda a mobilizar doações de alimentos e reduzir desperdícios

Plataforma ajuda a mobilizar doações de alimentos e reduzir desperdícios

Sistema permite conexão entre restaurantes e organizações sociais que coletam alimentos para doação.

No cenário em que tanta gente precisa de ajuda para comer, a tecnologia está sendo útil para aqueles que querem doar.

O aviso de “está pronto” dessa vez não é para o garçom, é para uma organização social que vem buscar pão e queijo que não foram usados nos preparos da cozinha e que agora vão para o prato de quem tem fome. A conexão entre o restaurante e a entidade é toda online.

“A gente coloca na plataforma todos os alimentos que a gente vai estar disponibilizando para essas ONGs. A gente tem a opção de colocar uma doação direcionada ou deixar essa doação em aberto para quem estiver precisando vir fazer essa retirada”, diz a gerente executiva do restaurante, Patrícia Santos Borges.

O restaurante aparece no radar de instituições que estão na mesma região. Leva oito minutos, em média, até as doações encontrarem um destino em qualquer parte do país.

“Hoje, pela legislação, a gente tem uma lei que dá uma tranquilidade muito grande para o doador de alimentos. Ela permite a doação de alimentos industrializados, alimentos in natura e também de sobras de buffet. Cuidando, logicamente, de todos os processos de política de manipulação. A gente tem todo um cuidado com relação aos alimentos”, explica a sócia-fundadora da Comida Invisível, Daniela Leite.

Iniciativas assim podem ajudar a resolver uma conta que não fecha. Hoje, mais de 33 milhões de brasileiros convivem com a fome. Ao mesmo tempo, o desperdício também assusta: dados da Embrapa de antes da pandemia mostram que cada família jogava no lixo cerca de 130 kg de comida por ano.

O pesquisador Gustavo Porpino diz que projetos que surgem na sociedade podem funcionar como políticas públicas.

“Priorizar no orçamento público programas de enfrentamento ao desperdício de alimentos e também a fome. Os países que têm mais avançado no combate ao desperdício de alimentos são exatamente aqueles que conseguiram estabelecer coalizões público-privadas robustas, como é o caso da Inglaterra, que foi um dos primeiros, a Holanda e, posteriormente, Austrália e África do Sul”, explica o pesquisador da Embrapa Alimentos e Territórios.

A tecnologia à serviço do combate ao desperdício também conecta lugares como uma padaria a consumidores que querem pagar mais barato por produtos que não saíram na hora, mas que estão no prazo de validade e que iam para o lixo no fim do dia. Tortas, bolos e pães, por exemplo. Como duram menos, a venda com desconto precisa ser rápida e a entrega também.

Um aplicativo faz a ponte entre comerciantes e clientes e, se precisar, também o delivery. Em média, os descontos são de 70%.

“Nosso descarte caiu mais ou menos uns 60%”, afirma Gabriel Calovini Coelho, sócio da padaria.

“Muito se fala de desperdício de alimentos há muito tempo, mas pouco é feito efetivamente. Então, a nossa ideia foi realmente conectar no estabelecimento usuário criando vantagem para todo mundo”, explica o co-fundador da Food to Save, Murilo Ambrogi.

E a comida também pode encontrar outro destino: a compra para doação.

“Todas as iniciativas que surgem com o objetivo de combater esse desperdício, elas realmente agregam muito valor e mobilizam não só a sociedade, mas governo, o estado, enfim todos os parceiros necessários”, explica Lavínia Oliveira, da ONG Banco de Alimentos.