Plástico mais resistente que aço tem memória, autorreparo e reciclagem cíclica

Pesquisadores de engenharia aeroespacial e de ciência dos materiais se juntaram para criar um compósito que parece ser a realização dos desejos de qualquer projetista.
É um plástico ultradurável, reciclável, “inteligente” – ele se cura sozinho quando danificado – e, talvez o melhor de tudo, várias vezes mais forte do que o aço, mesmo sendo mais leve do que o alumínio.
“O que é realmente empolgante é que este material não é apenas ultradurável, mas também adaptável. Da recuperação sob demanda em aeronaves danificadas à melhoria da segurança dos passageiros em veículos, essas propriedades o tornam incrivelmente valioso para futuros materiais e inovações em design,” disse o professor Mohammad Naraghi, da Universidade Texas A&M, nos EUA.
A inovação consistiu em explorar a integridade mecânica, a recuperação da forma e as propriedades de autorreparação de um composto plástico avançado, feito à base de fibra de carbono, chamado “copolímero termoendurecível aromático” (ATSP: Aromatic Thermosetting Copolyester).
Reciclagem cíclica
O ATSP é uma alternativa mais sustentável aos plásticos tradicionais porque ele pode ser reciclado e remodelado continuamente. Essa reciclabilidade torna o material um candidato ideal para indústrias que buscam reduzir o desperdício ambiental sem comprometer a durabilidade ou a resistência.
“Esses vitrímeros, quando reforçados com fibras descontínuas, podem passar por reciclagem cíclica – você pode facilmente esmagá-los e moldá-los em um novo formato, e isso pode acontecer em muitos, muitos ciclos, e a química do material basicamente não se degrada,” disse Naraghi.
Outras vantagens em relação aos plásticos tradicionais estão nas capacidades de autocura e recuperação de forma. “Recuperação da forma e autorreparação são duas facetas do mesmo mecanismo,” explicou Naraghi. “A recuperação da forma refere-se à troca de ligações dentro de uma peça contínua de material – uma espécie de ‘inteligência’ incorporada. E, na autorreparação, há descontinuidade no material, como uma rachadura. Assim como a pele pode esticar, cicatrizar e retornar à sua forma original, o material se deformou, cicatrizou e ‘lembrou’ sua forma original, tornando-se mais durável do que quando foi feito originalmente.”
Artigo: Identifying the origin of intrinsic self-healing gradual decay in vitrimer carbon fiber reinforced polymer composites
Autores: Tanaya Mandal, Unal Ozten, Morteza Ghanbarian, Soheilasadat Rahavi, Mohammad Naraghi
Revista: Journal of Composite Materials
DOI: 10.1177/00219983251362394