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Pesquisadores usam flores para filtrar água no interior de São Paulo

Pesquisadores usam flores para filtrar água no interior de São Paulo

A técnica desenvolvida pela Embrapa permite reaproveitar 100% da água usando copos-de-leite como filtro.

Pesquisadores brasileiros criaram uma técnica de reaproveitamento de água.

De um jardim vem a alternativa para evitar o desperdício. As plantas dão flores chamadas de copos-de-leite, comuns em brejos. Lá a irrigação é feita com uma água que chega bem suja. As plantas funcionam como um filtro e se alimentam dos nutrientes da água poluída.

“A planta, quando ela cresce por meio das suas raízes, ela se associa a microorganismos, e essas plantas adaptadas a esse meio aquático conseguem, de uma maneira natural, descontaminar essa água”, explica Wilson Tadeu, pesquisador da Embrapa Instrumentação.

A água que abastece o jardim vem de tanques usados para a criação de peixes. A produção de tilápia deixa os viveiros sujos.

“Essa água fica suja por causa dos animais, de restos de ração, das próprias algas que se desenvolvem, respiração do peixe também contamina com amônia essa água. E o que que o produtor acaba fazendo? Ele tem que renovar essa água com água do rio, e descartando água suja no meio ambiente, o que pode também causar um processo de contaminação”, diz Wilson Tadeu.

Para evitar o descarte no meio ambiente, os cientistas da Embrapa fizeram a experiência em um sítio em São Carlos, no interior de São Paulo.

Com a técnica é possível reaproveitar 100% da água. Segundo os pesquisadores, a cada dez horas, as plantas filtram 2 mil litros. E, como resultado, a água sai bem limpinha. Não é própria para o consumo humano, mas volta direto para o tanque dos peixes, onde vai ser utilizada mais uma vez.

Com o resultado, o dono do sítio deixou de pegar água diretamente de um córrego para abastecer os tanques. Além disso, tem uma nova fonte de renda com a produção de plantas.

“No caso do copo-de-leite, é um produto que agrega bastante valor para venda, tanto da flor como da muda. E aí dá para gente fechar esse ciclo, ter a produção de proteínas, ter produção de flores, produção de plantas”, afirma o produtor rural Flavio Marchesin.

A estação de tratamento natural mostra que é possível ganhar dinheiro e combater o desperdício.

“Num momento de crise hídrica, quando a gente fala que está reutilizando água, isso está deixando de retirar água do meio ambiente. Acho muito importante a gente mostrar que é possível conciliar desenvolvimento econômico, desenvolvimento social e qualidade ambiental”, diz Wilson Tadeu.