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Pesquisadores estudam evolução animal para melhorar a saúde das mulheres

Pesquisadores estudam evolução animal para melhorar a saúde das mulheres

Cientistas querem saber como mecanismos de fêmeas de diversas espécies podem contribuir para melhorias na pressão sanguínea, saúde dos ossos e até para a fertilidade humana

Motivos para preservarmos o meio ambiente não faltam. E um estudo da Universidade da Califórnia acaba de adicionar mais um a lista de razões para cuidarmos dos habitats de animais e de espécies vegetais: compreender a evolução de certas fêmeas pode ajudar a melhorar a saúde das mulheres. De acordo com a pesquisa, publicada na PNAS Nexus, as fêmeas do mundo animal podem oferecer pistas sobre como tratar a infertilidade, a pressão sanguínea e a osteoporose das fêmeas da espécie humana.

A menopausa e inatividade prolongada podem causar osteoporose e até fraturas ósseas nas mulheres depois de uma certa idade. Mas espécies que hibernam no inverno, e portanto chegam a ficar meses praticamente sem se movimentar, são capazes de manter sua força óssea mesmo assim. Para a equipe de Barbara Natterson-Horowitz, que conduziu esse estudo, investigar esses mecanismos mais a fundo pode ajudar a melhorar drasticamente a vida das mulheres.

A pressão alta é outro exemplo citado na pesquisa. Nas grávidas, a hipertensão arterial pode ser perigosa para a mãe e para a criança, pois impede que o oxigênio chegue ao feto. Mas as girafas, que possuem a pressão sanguínea mais alta entre todas as espécies (por causa da sua altura), não enfrentam qualquer problema quando estão esperando bebê. Descobrir como as girafas se adaptaram à pressão alta e como imitá-las pode salvar a vida de futuras gerações de humanos e ainda oferecer tratamentos para pressão alta em geral, afirma Natterson-Horowitz.

Os vertebrados mais longevos da Terra também podem ser nossos aliados. O tubarão da Groelândia, que chega a viver mais de 400 anos (sim, 400 anos!), pode dar à luz aos 250. Já na espécie humana, apesar de uma expectativa de vida cada vez mais alta, o declínio da fertilidade a partir dos 35 é alvo de frustração para muitas mulheres. Logo, a pesquisa conclui que compreender melhor os mecanismos que regem a vida destes tubarões pode ser um divisor de águas para a concepção.

Outra revolução para a fertilidade pode ser possível a partir do estudo de mais de 130 espécies de mamíferos, como ursos e morcegos frugívoros, que podem interromper temporariamente o desenvolvimento de seus embriões graças a peculiaridades nos seus genomas. O fenômeno é chamado de diapausa embrionária. “A concepção pode não acontecer no melhor momento para uma gravidez. A diapausa embrionária oferece às fêmeas grávidas a flexibilidade de controlar o momento do nascimento de seus filhotes quando confrontadas com alimentos inadequados ou muitos predadores no ambiente”, afirmou Natterson-Horowitz ao The Optmist Daily. Segundo ela, identificar o mecanismo certo pode ajudar a preservar embriões para uma futura fertilização in vitro ou até mesmo oferecer à mulher mais controle sobre quando ela pretende dar à luz.