Pesquisadores da UFRJ criam protótipo de sistema que reaproveita calor para produzir eletricidade e água

As lentes de um painel aumentam 820 vezes a irradiação solar. A energia que sai tem capacidade para abastecer 26 domicílios.

O painel que gera eletricidade é o mesmo que aquece água salobra, muito comum nos poços do semiárido nordestino. A água aquecida entra no sistema a 90°C, vira vapor e é transformada em água potável. O sistema tem capacidade de produzir até mil litros de água potável por dia, o suficiente para abastecer até 100 pessoas.

“O painel solar pega a energia do sol e converte em energia elétrica, mas 70% dessa energia vira calor que é jogado fora para o ambiente. Aqui a gente recupera esse calor e o transforma em água potável”, explica a professora da Coppe/UFRJ Carolina Naveira Cotta.

Uma solução sob medida para a região mais quente e com menos água potável do Brasil. De cada dez poços abertos no semiárido nordestino, sete têm águas salobras. De acordo com o governo federal, existem hoje no Nordeste 4 mil comunidades sem acesso regular a água potável.

A falta de energia elétrica na maioria dessas comunidades dificulta a instalação dos equipamentos necessários para a produção de água limpa. Para os pesquisadores da Coppe, o novo sistema criado na universidade poderia melhorar e muito a qualidade de vida dessas populações.

O projeto vai além das placas solares. O sistema pode ser adaptado, por exemplo, para as indústrias, máquinas e equipamentos usados em canteiros de obra, plataformas de petróleo em alto-mar.

“Calor é energia, é energia nobre que é desperdiçada, e aqui a gente sabe reaproveitar”, diz Carolina.

O custo varia de acordo com o modelo de aproveitamento. Os benefícios da tecnologia são do tamanho do desperdício de calor no Brasil.

“Na sua casa, você desperdiça calor no seu computador, o seu carro desperdiça calor, o seu ar-condicionado desperdiça calor, a sua geladeira desperdiça calor. Todo lugar você tem calor jogado fora, e esse calor pode ser reaproveitado de diferentes fontes. E aqui a gente demonstra essa recuperação do calor e a produção de água potável”, afirma a professora da Coppe.