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Pesquisadores brasileiros desenvolvem tecnologias promissoras para recuperar a Caatinga

Pesquisadores brasileiros desenvolvem tecnologias promissoras para recuperar a Caatinga

Pesquisadores brasileiros desenvolveram tecnologias promissoras para recuperar um dos biomas mais ricos do país – que foi reduzido pela metade nos últimos sete anos.

Quando a gente fala caatinga, a imagem que vem na cabeça é de um cenário de seca. Não por acaso, o nome caatinga, que significa “floresta branca”, representa as características da vegetação, das folhas que caem no período da seca.

É uma defesa para evitar a perda de água, mas basta um período chuvoso para a paisagem se transformar. O cinza dá lugar ao verde do único bioma exclusivamente brasileiro: são mais de 5 mil espécies de plantas e mais de mil espécies de animais. Uma riqueza ameaçada.

Segundo um estudo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e da Universidade de São Paulo, realizado entre 2014 e 2021, 50% da Caatinga foi desmatada.

“É um processo de desmatamento muito para a construção de cidades, né? Para ocupação humana, para criação de gado”, diz a pesquisadora Marina Antongiovanni, professora do Departamento de Ecologia da UFRN.

Outros fatores também ameaçam a flora e fauna da região.

“As pessoas tiram madeira da floresta. Elas, inclusive, caçam para conseguir proteína para comer, e quando a gente compromete a fauna, a gente compromete o todo, a segurança alimentar, né? O desmatamento compromete a segurança hídrica das pessoas”, explica o pesquisador Carlos Roberto Fonseca, professor do Departamento de Ecologia da UFRN.

O estudo também definiu áreas prioritárias de restauração.

“Embora a gente já tenha desmatado 50% da Caatinga, a gente ainda tem 50% remanescente, né? Então é enxergar o copo meio cheio, meio vazio”, diz Marina.

No Departamento de Ecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, existe um projeto que traz esperança para restauração da Caatinga. É como se fosse uma maternidade: as plantas ameaçadas chegam em forma de sementes, são trazidas para uma espécie de berçário até ganharem um certo tamanho e serem transferidas para um cano que permite o desenvolvimento da raiz e da parte aérea da planta.

“A gente até ganhou um certificado da ONU por essa tecnologia, e ela avançou demais o processo de restauração nessas áreas áridas. De 30% só que sobrevivia, a gente conseguiu 70% de sobrevivência”, comemora a pesquisadora Gislene Ganade, professora do Departamento de Ecologia da UFRN.

As plantas de desenvolvem numa floresta que foi criada numa área desmatada em Assu, no interior do Rio Grande do Norte. Em seis anos, a área se transformou.

“A gente faz muito na raça, na vontade. Todo esse pessoal aqui, na realidade, faz no sangue, na alma, porque ama o que faz. É um sinal de esperança”, diz Gislene.