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Pequenos vulcões submarinos podem influenciar ciclo do carbono na Terra

Pequenos vulcões submarinos podem influenciar ciclo do carbono na Terra

Pesquisadores da Universidade de Waseda, no Japão, publicaram nesta quinta-feira (01) suas descobertas sobre um novo tipo de vulcão submarino, chamado de “petit-spot.” Localizados a até 5,7 km nas profundezas do oceano, essas formações podem liberar gás carbônico e metano, influenciando o ciclo dessas substâncias no planeta.

Até pouco tempo atrás, a ciência não imaginava que houvesse atividade hidrotermal — a liberação de fluídos do manto terrestre através de fendas no oceano — nas partes mais antigas de placas tectônicas. Esse comportamento é bem conhecido em regiões como as dorsais, em que a separação entre duas placas permite o afloramento do magma, criando novo material para a crosta terrestre.

Representação dos locais onde se formam os vulcões petit-spot em relação às fossas oceânicas (à esquerda na figura) (Imagem: Hirano & Machida/Reprodução via Nature)

Os vulcões petit-spot, (em tradução livre, vulcões de pequeno ponto), porém, são elevações descobertas em regiões onde o leito oceânico é mais velho e que, possivelmente, também geram um sistema hidrotermal. Essas formações têm origem na flexão das placas tectônicas quando uma mergulha sob a outra no movimento chamado de subducção.

Os pesquisadores estudaram uma série de vulcões petit-spot a leste da Fossa do Japão, encontrando um material magmático com um alto teor de gás carbônico. Além disso, os minerais encontrados na região possuem uma composição típica das rochas em fontes hidrotermais. A equipe analisou a composição química dos materiais através de amostras coletadas por uma draga, encontrando majoritariamente compostos de ferro e manganês.

Amostras de rochas de vulcão petit-spot e mapeamento de diferentes elementos em sua composição através de raios-x (Imagem: Azami et al./Reprodução via Communications Earth & Environment)

A liberação dos fluídos hidrotermais nestes vulcões ainda não foi confirmada, mas este é um indício de que as áreas ainda possam estar ativas. O fluxo de gás carbônico e metano proveniente dos pequenos vulcões é bem menor do que o de áreas de placas tectônicas divergentes — cerca de 1% do total — mas sua contribuição ainda seria significativa para o ciclo do carbono no planeta.

Keishiro Azami, um dos autores do estudo, afirma que as concentrações destes dois gases, na verdade, são maiores nos materiais provenientes de vulcões petit-spot do que no de dorsais oceânicas. “Isso implica que a atividade hidrotermal dos vulcões petit-spot podem ter implicações importantes nos ciclos biogeoquímicos do mundo,” conclui o cientista.