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Peixe-palhaço adapta seu crescimento de acordo com tamanho de anêmona

Peixe-palhaço adapta seu crescimento de acordo com tamanho de anêmona

Pesquisadores investigaram crescimento de indivíduos da espécie de peixe segundo oferta de comida e tamanho do habitat — que na natureza são esses cnidários

Se você já assistiu a Procurando o Nemo, animação da Disney lançada em 2003, sabe que peixes-palhaço moram em anêmonas. Entretanto, uma nova descoberta realizada por cientistas da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, e instituições nos EUA revela que a relação entre esses animais e suas “casas” vai além: as anêmonas influenciam diretamente no crescimento desses animais.

O estudo comparativo publicado no periódico Science Reports nesta segunda-feira (18) relata que há uma correlação positiva entre o tamanho do peixe-palhaõ e o tamanho da anêmona. Peixes que moram em anêmonas maiores crescem mais rápido do que aqueles que habitam anêmonas menores. Segundo os pesquisadores, isso ocorre porque os animais ajustam seu crescimento em resposta à variação biológica e de espaço fornecida pelo hospedeiro.

De acordo com Theresa Rueger, professora de Biologia Marinha Tropical na Escola de Ciências Naturais e Ambientais da Universidade de Newcastle, as anêmonas são importantes para os peixes, pois fornecem proteção contra predadores.

Quanto maior a anêmona, mais espaço o peixe tem para se movimentar e se alimentar. “Se o peixe ficar grande demais para a anêmona em que está, pode não receber comida suficiente ou ficar seguro”, afirma a professora, que também é a autora principal do estudo, em comunicado.

Comparação direta

Para o experimento, os pesquisadores emparelharam peixes-palhaço com anêmonas reais e artificiais de vários tamanhos, além de alimentá-los igualmente com ração. Os resultados revelaram que a disponibilidade de alimentos ou de espaço, por si só, não são os responsáveis pelo crescimento dos animais.

Uma explicação possível é que juntamente com a variação de espaço há um mecanismo biológico. O hospedeiro e o peixe-palhaço realizam uma interação mutualística (em que ambos os parceiros se beneficiam) e por isso ocorre a adequação do tamanho. Entretanto, o mecanismo ainda precisa ser melhor investigado.

Peixe-palhaço em seu habitat (Foto: Reprodução/Teresa Rueger)
Peixe-palhaço em anêmona (Foto: Teresa Rueger)

A variação também influência na capacidade reprodutiva dos animais, que maximizam seu valor reprodutivo dependendo da anêmona. “Nosso experimento mostra que não é uma coincidência, mas os peixes regulam ativamente seu crescimento para se adequar ao hospedeiro. Esta é a primeira vez que essa plasticidade de crescimento em um vertebrado depende de um parceiro mutualista, e isso mostra como os mutualismos são importantes”, relata Rueger.

A pesquisadora destaca que o próximo passo é aprofundar esse estudo e descobrir qual mecanismo influencia no tamanho do peixe. A capacidade de antecipar o tamanho ideal do corpo em relação ao hospedeiro provavelmente está presente em outros relacionamentos mutualistas. Pesquisas futuras se concentrarão em investigar essa interação e o efeito na regulação do crescimento animal.