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Passeio, chamado, não roer… listamos técnicas de como adestrar seu pet no dia a dia

Passeio, chamado, não roer… listamos técnicas de como adestrar seu pet no dia a dia

Especialista recomenda que tutor tenha confiança e clareza; violência não educa e prejudica a relação com o animal

Muitos tutores, tanto iniciantes quanto experientes, pensam que ensinar um filhote é algo complexo ou que requer conhecimentos técnicos. No entanto, com paciência e disciplina, é possível educar o animal seguindo alguns passos básicos. Comportamentos como fazer as necessidades no lugar adequado, não morder objetos da casa e se comportar de maneira apropriada em locais públicos podem ser ensinados.

Educar um cachorro não se limita a evitar danos em casa; o objetivo é ensinar ao animal como se comportar socialmente, prevenindo assim agressões, fugas e acidentes. Nas primeiras semanas de vida, o filhote adquire comportamentos como latir, cheirar, brincar e hábitos de higiene observando mãe e irmãos.

Durante os primeiros quatro meses, os cães iniciam a exploração do ambiente, porém ainda encontram dificuldades para assimilar comandos. Após essa etapa e com o ciclo de vacinação finalizado, começa o período mais apropriado para praticar exercícios básicos de obediência, utilizando comandos simples e repetitivos. A partir dos dez meses, o animal já consegue executar comandos mais complexos, especialmente quando é recompensado com reforços positivos, como petiscos, afeto ou elogios.

O adestramento deve ser um processo claro e previsível para tutores e animais. O treinador Jesús Gómez reforça que a aprendizagem ocorre melhor quando o ambiente é favorável.

Antes de começar o treinamento

  • Reforço positivo: gritos e punições físicas não ajudam e podem gerar respostas condicionadas pelo medo. Recompensas simples, como petiscos, afeto ou elogios, produzir melhores resultados.
  • Medidas de correção: nesses casos, palavras firmes, como “não” ou “vem”, são suficientes para redirecionar o comportamento sem recorrer à violência.
  • Liderança: o cão precisa compreender seu papel na hierarquia familiar; assim, os comandos devem ser emitidos com autoridade e, idealmente, por apenas um membro da família, que será reconhecido pelo animal como a figura de autoridade.
  • Trabalho em equipe: todos os membros da família devem participar do processo e compreender as regras para evitar confusão.
  • Estabeleça limites claros: determine quais comportamentos são aceitáveis.
  • Correção precoce: identifique e corrija comportamentos inadequados desde o começo para que o cão possa relacionar causa e efeito.
  • Socialização: depois de vacinado, leve o filhote para passear na rua ou no parque para que tenha a oportunidade de interagir com outros cães e com o ambiente.
  • Rotinas: defina horários para alimentação, descanso, passeios e treinamento.
  • Ambiente controlado: treinar em locais com mínimas distrações visuais, auditivas e de outros animais ajudará a focar e a seguir instruções.
  • Disciplina e flexibilidade: mantenha-se firme, mas ajuste o treinamento se o cachorro encontrar dificuldades com algum comando.

O psicólogo especialista em comportamento e na relação humano-animal e treinador de cães de assistência Oliveiros Barone Castro afirma que, antes de qualquer lista de comandos, o tutor deve ter em mente que é preciso clareza e confiança.

Se o cachorro não responde, em 99% das situações é porque o dono não conseguiu passar a mensagem de forma clara. Portanto, toda orientação deve ser dada de maneira simples, coerente e justa, sem reprimendas severas ou punições que comprometam a relação com o animal.

Castro reforça que, quando o cão ainda é pequeno, é importante que a introdução às situações novas sejam feitas com calma:

— A apresentação do mundo deve ser muito bem cuidada para que não tenha nenhum susto ou trauma no seu processo de desenvolvimento.

Instruções e comandos básicos

1. Atender ao chamado 

Segundo Jesús Gómez, este é um dos primeiros comandos que um filhote deve aprender. Para ensinar o filhote de maneira adequada, o proprietário deve se distanciar e usar o comando “vem” ou o nome do animal. Sempre que o filhote obedecer, elogie-o, acaricie-o e ofereça-lhe petiscos como forma de reforço. Posteriormente, a dificuldade pode ser incrementada, distanciando-se um pouco mais.

2. Passear com coleira e guia  

— É um dos métodos de adestramento essenciais para ir ao parque e evitar acidentes ou que o cão se perca — afirma Gómez.

Para começar, você deve familiarizar seu cão com a coleira em casa. Você pode colocar a coleira no animal dentro de casa e guiá-lo pela área; depois, você pode fazer isso em um local seguro, como um parque, sempre tendo petiscos à mão para incentivar sua atenção.

3. Urinar e defecar fora de casa

Este é possivelmente um dos exercícios que contribuem para a prevenção de conflitos domésticos. Para fazê-lo de maneira adequada, é fundamental considerar horários específicos, preferencialmente após ingerir água ou alimentos. Nos primeiros estágios, os passeios serão mais longos e, conforme o animal aprende onde fazer suas necessidades, a duração começará a diminuir.

4. Não roer objetos  

Os filhotes querem roer tudo. Essa é uma das maneiras que eles encontram para explorar o ambiente. No entanto, é importante ensiná-los desde cedo o que podem roer e redirecionar a atenção deles para brinquedos apropriados, recompensando o bom comportamento. Quando o animal rói objetos inadequados, a primeira coisa a fazer é chamar a atenção dele e dar comandos como “não”, “fica” ou outras palavras semelhantes.

5. Sentar 

Mantenha um petisco na mão fechada e aproxime-o do focinho do cachorro; em seguida, retire a mão com cuidado. Com a outra mão, exerça uma pressão suave nos quadris do cachorro para encorajá-lo a sentar, dobrando as patas traseiras. Sempre reforce o comando com a instrução verbal “senta”.

A importância do adestramento profissional

Apesar de muitos tutores conseguirem ensinar comandos básicos por conta própria, o treinamento doméstico tem suas limitações. De acordo com Oliveiros Barone Castro, o problema principal não é a falta de vontade, mas a falta de técnica. Ele esclarece que o tutor pode alcançar bons resultados por conta própria, porém algumas ferramentas fundamentais não estão presentes no repertório de quem nunca estudou adestramento.

— Tem algumas questões técnicas que o tutor que não fez um curso, que não tem um direcionamento técnico, não sabe, tendo mais dificuldade em ensinar esse animal — explica.

Recorrer à violência não é uma boa opção se quer ver seu pet bem adestrado — Foto: Freepik
Recorrer à violência não é uma boa opção se quer ver seu pet bem adestrado — Foto: Freepik

Algumas coisas em relação à ambientação do pet aos lugares, sobretudo dentro de casa, geralmente surgem quando o comportamento começa a sair do controle. Oliveiros relata que muitos tutores só notam que algo está errado quando o cachorro começa a desobedecer comandos, ficar mais agitado ou até mostrar sinais de agressividade.

Nessas situações, a atuação do profissional vai além do ensino de comandos. O adestrador deve entender a rotina, os passeios, os momentos de estresse e tédio, além da maneira como tutor e cão se comunicam. É essa análise mais abrangente — técnica, emocional e comportamental — que determina a direção do treinamento.

(Colaborou Jhonny Chavão, estagiário sob supervisão de Constança Tatsch)