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Papa Leão XIV dá continuidade ao legado climático de Francisco e propõe neutralidade de carbono no Vaticano

Papa Leão XIV dá continuidade ao legado climático de Francisco e propõe neutralidade de carbono no Vaticano

A sede da Igreja Católica pode se tornar o primeiro estado neutro em carbono com projeto de energia solar

O papa Leão XIV tem reforçado o compromisso da Igreja Católica com a pauta climática global. Ele assumiu o pontificado em maio com o objetivo de dar continuidade ao legado ecológico deixado por seu antecessor, o Papa Francisco.

Além de promover dois atos públicos voltados à defesa do meio ambiente, Leão XIV anunciou que dará sequência a medidas estruturantes, como a transformação do Vaticano no primeiro estado neutro em carbono do mundo.

O projeto, iniciado por Francisco, prevê a construção de uma usina solar em Santa Maria di Galeria, no Norte de Roma. A área de 430 hectares deve gerar energia suficiente para abastecer todo o Vaticano. O investimento estimado é de 100 milhões de euros e ainda depende de aprovação do parlamento italiano, já que o local possui status extraterritorial vinculado à Santa Sé.

A região foi alvo de polêmica no passado por abrigar torres da Rádio Vaticano, associadas a riscos de exposição a ondas eletromagnéticas. Em junho, Leão XIV visitou o terreno e classificou o projeto como uma “oportunidade concreta” de demonstrar o compromisso da Igreja com a crise climática.

“Estamos todos conscientes dos efeitos da mudança climática. Precisamos cuidar de toda a criação, como Francisco ensinou com clareza”, declarou o papa em entrevista à emissora estatal italiana RAI.

Atos públicos

No último dia 9 de julho, o pontífice interrompeu suas férias em Castel Gandolfo, cidade nos arredores de Roma, para celebrar uma missa especial voltada ao cuidado com a criação. “Vivemos em um mundo em chamas, tanto pelo aquecimento global quanto pelos conflitos armados”, afirmou Leão XIV durante a cerimônia ao ar livre.

A celebração seguiu um novo rito litúrgico publicado do Vaticano, com o objetivo de integrar a defesa ambiental à prática religiosa. A missa também incluiu orações pelas vítimas das enchentes no Texas, que já somam mais de 100 mortes.

Durante a Jornada Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, Leão XIV também se pronunciou sobre as causas da degradação ambiental. “Mudanças climáticas provocadas pela atividade humana”, afirmou, ao denunciar injustiças, violações do direito internacional, perda de biodiversidade e desigualdade como elementos da crise. “Quando a justiça e a paz são pisoteadas, os mais afetados são os pobres, os marginalizados e os excluídos”, concluiu.