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“Ouça” o vento solar e o campo magnético de Mercúrio, captados pela BepiColombo

“Ouça” o vento solar e o campo magnético de Mercúrio, captados pela BepiColombo

Em 2018, a sonda BepiColombo foi lançada com destino a Mercúrio. Antes de entrar na órbita do planeta para estudá-lo, será necessário realizar alguns sobrevoos planetários. Um deles, em que a nave fez a maior aproximação de Mercúrio, aconteceu no início de outubro, rendendo as primeiras imagens do planeta e dados sobre o ambiente magnético e partículas por lá, coletados a apenas 199 km de sua superfície. Esses dados foram convertidos em sons — e você poderá conferi-los.

A sonificação dos dados magnéticos e do acelerômetro registraram o “som” do vento solar incidindo sobre Mercúrio, além de mostrar também como a estrutura da nave reagiu às mudanças de temperatura e à gravidade fortíssima do planeta. “Esses sobrevoos também oferecem a chance de coletar amostras de regiões ao redor de Mercúrio que não serão acessíveis quando entrarmos em órbita”, explicou Johannes Benkhoff, cientista de projeto da BepiColombo.

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Dados do sobrevoo

Enquanto atravessou a magnetosfera de Mercúrio, a BepiColombo conseguiu informações sobre as partículas próximas do planeta e dos limites de seu campo magnético. No momento de aproximação máxima, o espectrômetro PHEBUS coletou dados durante uma hora, focando nos elementos presentes na exosfera de Mercúrio, vindos tanto do vento solar quanto da superfície do planeta. Quando a sonda saiu da sombra do planeta, os dados indicaram picos de hidrogênio e cálcio. Mais detalhes da composição da exosfera serão descobertos quando a nave entrar na órbita de Mercúrio.

Durante o sobrevoo, o espectrômetro Mercury Gamma-ray and Neutron Spectrometer (MGNS) identificou fluxos de nêutrons e de raios gama, emissões consideradas o resultado das interações entre raios cósmicos e as camadas superiores da superfície do planeta. Essas emissões também são valiosas para o entendimento da composição da superfície de Mercúrio, e os dados obtidos estão sendo analisados detalhadamente pelos cientistas da missão.

Já os sensores do instrumento Mercury Planetary Orbiter (MPO) coletaram dados do vento solar e do campo magnético ao redor do planeta, incluindo dados do hemisfério sul — até então, somente o hemisfério norte havia sido estudado durante a missão Messenger, da NASA. Esses dados foram convertidos em sons, que mostram as mudanças da intensidade do campo magnético e vento solar, indicando também o momento em que a nave atravessou uma fronteira turbulenta, que divide a magnetosfera, e o vento solar.

Confira:

O MPO conta também com o acelerômetro Italian Spring Accelerometer (ISA), instrumento que registrou as acelerações conforme a nave era afetada pela forte gravidade e pelas mudanças de temperatura, causadas pela entrada e saída da sombra de Mercúrio. “Nos picos de aceleração que apareceram em nossas telas, pudemos ver os efeitos de maré de Mercúrio na estrutura da BepiColombo, a queda da pressão da radiação solar na sombra do planeta e o movimento do centro de massa da nave, devido à flexão dos painéis solares”, explicou Carmelo Magnafico, do Italian National Institute for Astrophysics (INAF).

Você pode escutar o áudio no vídeo abaixo:

A manobra de assistência gravitacional realizada em outubro foi a primeira conduzida em Mercúrio e a quarta de uma série com o total de nove sobrevoos. Ao longo de sua viagem de sete anos ao planeta mais interno do Sistema Solar, a BepiColombo precisou realizar um sobrevoo na Terra, dois em Vênus e seis em seu planeta-alvo, para conseguir entrar na órbita de Mercúrio em 2025.