O que é o câncer de peritônio de Dudu Braga, filho de Roberto Carlos
O tipo raro de tumor foi responsável pela morte do produtor musical. A doença costuma ser agressiva, e expectativa de vida é baixa
Após lutar contra o câncer no peritônio por um ano, o produtor musical Dudu Braga, filho do cantor Roberto Carlos, faleceu nesta quarta-feira (9/9). A doença é causada por um tipo raro de tumor que surge no tecido que reveste toda a parte interna do abdome e seus órgãos, provocando sintomas semelhantes aos do câncer nos ovários, como dor abdominal, náuseas, barriga inchada e perda de peso sem causa aparente, por exemplo.
O diagnóstico de câncer de peritônio pode ser feito por um clínico geral ou oncologista através de exames de imagem, como tomografia computadorizada e pet-scan, exames de sangue para verificar proteínas específicas, conhecidas como marcadores tumorais, e principalmente, por meio da realização de biópsia. O tratamento é baseado no estágio do tumor e nas condições de saúde da pessoa e consiste em cirurgia, quimioterapia e radioterapia.
Este tipo de câncer costuma ser agressivo e o tempo de vida de uma pessoa que tem o tumor no peritônio não é bem definido, no entanto, com a realização de cirurgia e quimioterapia pode chegar até 5 anos. E ainda, se o câncer de peritônio for descoberto numa fase inicial, a pessoa pode viver mais tempo, mas sempre será necessário realizar exames anualmente.
Principais sinais e sintomas
O câncer de peritônio atinge a camada que reveste o abdome e pode levar ao surgimento de sinais e sintomas como:
- Inchaço do abdome;
- Dor abdominal;
- Prisão de ventre ou diarreia;
- Cansaço e mal-estar geral;
- Falta de apetite;
- Dificuldade na digestão dos alimentos;
- Perda de peso sem causa aparente.
Além disso, se a doença for descoberta em fase mais avançada é possível identificar a ascite, um acúmulo de líquido dentro da cavidade abdominal que pode comprimir os pulmões, causando falta de ar e dificuldade para respirar.
Possíveis causas
As causas do câncer de peritônio não estão bem definidas, porém sabe-se que, em alguns casos, este tipo de câncer se desenvolve porque células cancerosas de outros órgãos chegam à camada que reveste o abdome através da corrente sanguínea, e se multiplicam dando origem ao tumor.
Alguns fatores de risco também podem estar relacionados com o surgimento de câncer no peritônio, como mulheres que fazem uso de hormônios após a menopausa, têm endometriose ou obesidade. Entretanto, pessoas que fazem uso de pílula anticoncepcional, já fizeram cirurgia de retirada de ovário ou que amamentaram têm menos chances de ter câncer de peritônio.
Quais são os tipos
O câncer de peritônio começa a se desenvolver, principalmente, a partir de células de órgãos do abdome ou da região ginecológica, no caso das mulheres, e se divide em dois tipos:
- Câncer de peritônio primário ou mesotelioma: ocorre quando as alterações celulares ocorrem primeiramente neste tecido que recobre o abdome;
- Câncer de peritônio secundário ou carcinomatose: é identificado quando o câncer surge devido a metástases de tumores de outros órgãos, como estômago, intestino e ovários.
E ainda, mulheres diagnosticadas com câncer de ovário que tenham os genes BRCA 1 e BRCA 2 têm maior risco de desenvolver câncer de peritônio secundário.
Como é feito o diagnóstico
O diagnóstico de câncer de peritônio pode ser feito pelo clínico geral através de exames de imagem como ultrassom, ressonância magnética, tomografia computadorizada e pet-scan, no entanto, para saber o estágio do tumor é necessário fazer uma biópsia, que pode ser realizada durante uma laparoscopia exploratória.
A biópsia é feita retirando um pequeno pedaço de tecido que é encaminhado para o laboratório e depois examinado por um médico patologista. O patologista verifica se o tecido têm células cancerosas e determina qual o tipo destas células, passo determinante para definir o tipo de tratamento. Além disso, também poderão ser feitos exames de sangue complementares para identificar marcadores, que são substâncias presentes em diferentes tipos de cânceres.
Opções de tratamento
O tratamento para o câncer de peritônio é definido pelo oncologista dependendo do estágio da doença:
1. Quimioterapia intraperitoneal
A quimioterapia intraperitoneal consiste na aplicação de medicamentos dentro do peritônio e é o tipo de tratamento mais indicado, pois permite que os remédios sejam absorvidos rapidamente no tecido. Geralmente, as drogas são aquecidas a uma temperatura entre 40°C a 42°C para evitar que o corpo se esfrie e para facilitar a entrada dos remédios dentro das células.
Este tratamento é indicado para os casos em que o câncer de peritônio não se espalhou para outros órgãos, como o cérebro e pulmão, sendo realizado junto com a cirurgia para retirada do tumor e tendo como vantagem a rápida recuperação da pessoa, não apresentando os efeitos colaterais como queda de cabelo e vômitos.
2. Quimioterapia na veia
A quimioterapia na veia é indicada para o câncer de peritônio antes da realização da cirurgia, para que o tumor reduza de tamanho e seja mais fácil de ser removido. Este tipo de quimioterapia não é usada como tratamento convencional deste tipo de câncer, pois as células doentes, presentes no tumor, apresentam resistência a vários medicamentos utilizados com frequência.
3. Cirurgia
A cirurgia é feita para retirar o tumor no peritônio quando o câncer não atingiu outros órgãos do corpo e é indicada para pessoas que têm condições de receber anestesia. Este tipo de operação deve ser feita por cirurgiões oncológicos com experiência, pois é bastante complicada e envolve, muitas vezes, remoção de partes de órgãos como o fígado, baço e intestino.
Antes da realização da cirurgia, o médico solicita a realização de vários exames de sangue como teste de coagulação e prova de tipagem sanguínea, no caso da pessoa precisar receber transfusão de sangue devido a perdas durante a cirurgia.
4. Radioterapia
A radioterapia é o tratamento em que se usa a radiação para destruir células que causam o câncer de peritônio e é aplicada através de uma máquina que emite a radiação diretamente no local aonde está localizado o tumor.
Este método de tratamento é indicado pelo médico antes da realização da cirurgia, para reduzir o tamanho do tumor no peritônio. No entanto, também pode ser recomendada para eliminar células cancerosas após a operação.
O câncer de peritônio tem cura?
Este tipo de câncer é muito difícil de ser curado e o objetivo do tratamento é aumentar o tempo de vida da pessoa, proporcionando uma melhor qualidade de vida e o bem-estar físico, mental e social.
Nos casos mais graves, em que o câncer de peritônio se encontra em fase avançada e se espalhou para outros órgãos, é importante tomar medidas de cuidados paliativos, para que a pessoa não sinta dores e grandes desconfortos.