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Nordeste mira mercados internacionais na produção de algodão

Nordeste mira mercados internacionais na produção de algodão

O algodão é uma das culturas mais importantes para a economia e o desenvolvimento do Nordeste. Conhecido como o “ouro branco”, o algodão foi responsável pelo crescimento de muitas cidades do sertão nordestino, que se beneficiaram do plantio, da colheita, da comercialização e do beneficiamento dessa fibra natural. Com tanto avanço, a região agora mira os mercados internacionais para escoar sua produção.

Na última sexta-feira (6), durante a celebração do Dia Mundial do Algodão no Senado Federal, vários agentes que trabalham em diferentes frentes em prol da produção de algodão no Brasil destacaram a importância do sertão nordestino para o desenvolvimento da cultura no país.

“É uma transformação que nos impacta e que assusta o mundo. E nós temos que entender que o nosso inimigo está lá fora, e não aqui dentro. Hoje temos algodão colorido, algodão orgânico e algodão agroecológico, produzido em consórcios agroalimentares. Nós temos orgulho dos produtores de algodão porque os produtores têm energia suficiente para superar todas as dificuldades que lhes colocam à frente. E isso tem sido determinante para a gente chegar aonde chegou, e nós vamos alcançar patamares muito acima daqueles que já alcançamos”, projetou o diretor-executivo da Embrapa, Alderi Emídio de Araújo.

O algodão colorido é uma das grandes potencialidades do setor.

A história do algodão no Nordeste

A história do algodão no nordeste remonta ao período colonial, quando os portugueses introduziram a cultura na região, aproveitando as condições climáticas favoráveis e a mão de obra escrava. O algodão era exportado para a Europa, onde abastecia a indústria têxtil em ascensão. No século XIX, o nordeste chegou a ser o maior produtor de algodão do Brasil, competindo com os Estados Unidos no mercado internacional.

No entanto, a partir do século XX, a produção de algodão no Nordeste enfrentou diversos desafios, como a concorrência de outros países, as pragas e doenças que afetaram as lavouras, as secas que castigaram a região, a falta de infraestrutura e crédito para os agricultores e a redução da demanda interna e externa. Esses fatores levaram à decadência da cultura algodoeira no nordeste, que perdeu espaço para outras regiões do país, especialmente o centro-oeste.

A expectativa é que a exportação de algodão pode gerar ainda mais emprego e renda.

Apesar das dificuldades, o Nordeste ainda é uma região importante para a produção de algodão no Brasil. Segundo dados da Embrapa Algodão, o nordeste produziu cerca de 24% do total nacional de pluma em 2019/20, sendo o segundo maior produtor depois do centro-oeste. Os principais estados produtores são Bahia, Maranhão e Piauí, que se destacam pela adoção de tecnologias e práticas sustentáveis que aumentam a produtividade e a qualidade do algodão. A tabela abaixo mostra como todo o algodoeiro pode ser aproveitado.

Produto Percentual de aproveitamento Destino
Algodão 46% Alimento e ração para animais
Fibra de algodão 33% Indústria têxtil e vestuário
Casca de algodão 27% Produção de combustível, embalagens e fertilizantes
Óleo de algodão 16% Óleo comestível
Celulose de algodão 8% Papel e outros produtos

 

Além disso, o Nordeste possui oportunidades para ampliar e diversificar sua produção de algodão, como o algodão colorido produzido no interior da Paraíba, aproveitando as potencialidades da região. Entre elas, podemos citar:

  • O uso de plantas de cobertura para melhorar as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, reduzir a erosão e aumentar a disponibilidade de água e nutrientes para as culturas;
  • O manejo integrado de pragas e doenças, que combina métodos biológicos, culturais, mecânicos e químicos para controlar os inimigos naturais do algodoeiro, reduzindo os custos e os impactos ambientais;
  • A diversificação de culturas em sistemas de rotação ou sucessão com o algodão, como soja, milho, sorgo, girassol e gergelim, que podem melhorar a renda e a segurança alimentar dos agricultores;
  • A agregação de valor ao algodão por meio do beneficiamento da fibra e da utilização dos subprodutos da cultura, como o caroço, o óleo e a torta;
  • A certificação socioambiental do algodão, que pode garantir um diferencial competitivo para os produtores que adotam boas práticas agrícolas e respeitam os direitos humanos e trabalhistas;
  • A integração entre pesquisa, extensão rural e assistência técnica, que pode promover a transferência de conhecimento e tecnologia para os produtores e estimular a inovação na cadeia produtiva.

O algodão é uma cultura estratégica para o Nordeste, que tem uma longa tradição e uma grande vocação para o seu cultivo. Com investimento em tecnologia, gestão e sustentabilidade, a região pode potencializar sua posição de destaque na produção nacional e internacional de algodão, gerando emprego, renda e desenvolvimento para a região.