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Mundo recicla 9% do plástico; no Brasil, índice cai para 1,3%

Mundo recicla 9% do plástico; no Brasil, índice cai para 1,3%

A humanidade navega em uma crise silenciosa e pegajosa. Anualmente, aproximadamente 8 milhões de toneladas de resíduos plásticos encontram seu caminho para os oceanos, transformando ecossistemas marinhos em depósitos finais. Este cenário catastrófico levou a Organização das Nações Unidas a classificar a poluição plástica como a segunda maior ameaça ambiental global, um problema que se agrava na medida em que a produção de descartáveis supera a capacidade mundial de geri-los.

O cerne da questão reside na escala de produção e na ineficiência dos sistemas de reciclagem. Dados de uma ONG americana revelam que apenas 9% de todo o plástico produzido no mundo é efetivamente reciclado. No Brasil, o quadro é ainda mais severo, com um índice de reciclagem que não ultrapassa 1,3%. Desde a sua invenção, na década de 1940, todo o plástico já fabricado permanece no ambiente, seja no ar, na água ou no solo. A natureza resistente do material, que leva entre 400 e 500 anos para se decompor, significa que essa herança poluente é acumulativa e de longa duração.

Diante desse desafio, ganha força nos fóruns internacionais a discussão sobre um Tratado Global do Plástico. A iniciativa, debatida na Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente, representa um primeiro passo para coordenar ações contra um dilema que deixou de ser local para se tornar global. As medidas de maior impacto propostas incluem proibições globais de plásticos de uso único, considerados os mais nocivos e evitáveis. A luta política atual concentra-se em banir itens como copos, canudos, sacolas e embalagens descartáveis de alimentos.

As projeções para as próximas décadas acendem um alerta vermelho. A produção global de plástico, que era de 2,3 milhões de toneladas em 1950, saltou para 448 milhões de toneladas em 2015. A expectativa é que este volume duplique até 2050. O Brasil ocupa a preocupante posição de oitavo maior poluidor global de plásticos e o primeiro na América Latina, colocando no mercado anualmente a cifra de 500 bilhões de itens plásticos de uso único. Neste contexto, a responsabilidade individual do consumidor esbarra em uma realidade opressora: a maioria dos produtos nos supermercados já chega ao público envolta em embalagens plásticas, limitando drasticamente o poder de escolha. O setor do extrativismo, com a extração do petróleo como matéria-prima, mantém-se como o principal poluidor na cadeia.