Mudanças ambientais afetaram povos pré-colombianos no Brasil há 2 mil anos

Declínio foi descoberto por pesquisadores brasileiros e espanhóis que estudaram os sambaquis, formações compostas por vestígios humanos na costa do país
Antigas sociedades pré-colombianas do Brasil deixaram rastros em montes compostos por ossos humanos, conchas, restos de alimentos e até ferramentas. Conhecidas como sambaquis, essas formações trazem pistas de um colapso causado pela queda do nível do mar há cerca de 2 mil anos, segundo um estudo publicado no último dia 6 de dezembro no jornal Scientific Reports.
A pesquisa avaliou 300 restos mortais de seres humanos e cerca de 400 datações de radiocarbono em sambaquis na costa dos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
A maioria dos sambaquis analisados surgiu entre 7 mil e 1 mil anos atrás. Contudo, os pesquisadores do Instituto de Ciência e Tecnologia Ambiental (ICTA-UAB) e do Departamento de Pré-história da Universitat Autònoma de Barcelona, na Espanha, descobriram que houve um declínio dessas formações há 2,2 mil anos.
A baixa no nível do mar pode ter reorganizado o ambiente que até então sustentava populações que viviam ali. “O encolhimento dos ecossistemas costeiros, como baías e lagoas, fez com que os recursos aquáticos fossem menos abundantes e menos previsíveis, obrigando os grupos a se dispersarem em unidades sociais menores”, explica Alice Toso, principal autora do estudo, em comunicado.
Os sambaquis existem em diversas áreas do Rio Grande do Sul até a Bahia, sendo mais numerosos em Santa Catarina, onde alcançam até 35 metros de altura. Para os pesquisadores, a descoberta de sua menor incidência há cerca de 2 mil anos é sinal de que antigas sociedades sofreram impactos sociais e econômicos devido às mudanças ambientais.