Anchor Deezer Spotify

Moradores e funcionários de empresa se unem para proteger ave rara na Bahia

Moradores e funcionários de empresa se unem para proteger ave rara na Bahia

Cidade no interior do estado se mobiliza para proteger as araras-azuis-de-lear, ameaçada de extinção.

Numa cidade do interior da Bahia, a necessidade de proteger uma ave rara mobilizou moradores e funcionários de uma empresa.

No céu do sertão baiano, o brilho azul das asas chama logo a atenção. As araras-azuis-de-lear chegam em bando e anunciando num canto alto e forte a procura por alimentos.

Elas vêm em busca do licuri, um coco miúdo e típico dessa região. Chegam a percorrer de 80 a 100 quilômetros por dia de uma área grande da caatinga, que passa por pelo menos cinco cidades baianas. A única região no mundo onde essas araras são encontradas.

Uma espécie rara e ameaçada de extinção. E de alguns anos para cá, a preocupação com o futuro dessas aves aumentou depois que mais de 50 mortes foram registradas em pelo menos três cidades baianas.

Uma delas é Euclides da Cunha, área de alimentação das araras-azuis-de-lear. Neste local, num período de três meses, foram sete aves encontradas mortas. E a suspeita é de choque elétrico com os fios de energia.

Loirinho é guia do turismo e juntamente com uma ONG passou a monitorar a situação das aves.

“E a população sempre está me ligando, falando: tem uma arara morta em tal lugar. E quando a gente chega tem sempre uma ali, próxima ao poste, né? A gente vê que isso é causa do choque elétrico”, conta Loirinho.

Salvar a arara e distribuir energia elétrica passou a ser um desafio que envolve muita gente. Uma das preocupações de ambientalistas é com a reprodução

Como essas araras ainda são poucas na natureza, cerca de 1.500, e só existem em algumas cidades baianas, qualquer indivíduo que se perde é uma preocupação para conservação da espécie.

“As araras não vão parar de pousar na rede elétrica porque ela usa como descanso no meio do percurso. Essa rede precisa de proteção para que não haja choque”, afirma Marlene Reis, da Associação Araras Azuis de Lear.

O caso chegou ao Ministério Público, que se reuniu com ONGs e entidades ambientais, como o Instituto Chico Mendes, e orientou a companhia de eletricidade da Bahia, a Neoenergia Coelba, a fazer mudanças urgentes na rede.

A empresa afirmou que já começou a fazer mudanças na rede, como a inversão de isoladores e a ampliação do espaço entre fios dos postes, medidas que fazem diminuir as possibilidades dos contatos das araras com a rede elétrica provocarem curto-circuitos, e reduz as chances de choque e de novas mortes.

“A redisposição de algumas estruturas elétricas, fazendo que com que algumas fases estejam niveladas acima para criar uma espécie de triângulo para quando a ave fizer a abertura das asas não tenha contato. E também a continuidade do uso das coberturas isolantes, tanto nas cruzetas, que é a estrutura horizontal que fica na estrutura, quanto também numa parte dos condutores, que é onde às vezes as aves repousam”, declara Leonardo Alves Santana – superintendente de operações da Coelba – região norte

Seu Zé Luis tem no telefone as fotos das araras que encontrou mortas perto da fiação. E o que mais espera é proteção para as aves que vê do quintal de casa.

“Quando a gente começou a ver as araras para gente era uma grande novidade. Hoje, graças a Deus, já tem uma grande quantidade e que representa a beleza do nosso sertão”, diz o comerciante José Luis Silva dos Santos.