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Micróbios no solo têm papel vital na luta contra mudanças climáticas

Micróbios no solo têm papel vital na luta contra mudanças climáticas

Um novo estudo, publicado na última semana na revista Nature, destacou o papel importante dos microrganismos presentes no solo ao armazenar carbono. A presença dos micróbios na terra faz com que este meio possa abrigar até três vezes a quantidade dessa substância na atmosfera.

A disponibilidade de carbono no solo é tema de estudo há pelo menos 200 anos, mas sua abordagem sempre foi relacionada com a entrada desta substância através das raízes de plantas e da serrapilheira — a cobertura de folhas e outros materiais orgânicos em diferentes estágios de decomposição que recobre a terra. De acordo com Yiqi Luo, professor da Cornell University, em Nova York, “nós somos o primeiro grupo que avaliou a importância relativa dos processos microbianos em relação aos demais.”

Os micróbios do solo respondem por até três vezes mais carbono armazenado no solo que outros processos que acontecem nesse meio (Imagem: Luisbaneres/envato)

Essa importância chega a ser quatro vezes maior do que a de outras dinâmicas que acontecem no solo. Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores mediram a eficiência do uso de carbono pelos microrganismos — isto é, de toda a quantidade dessa substância que eles absorvem, o quanto é usado para o seu crescimento, permanecendo em suas células, em relação ao que é perdido no metabolismo. Quando armazenado na célula, o carbono deixa de desempenhar seu papel como contribuinte do efeito estufa.

A atividade microbiana no solo é fundamental para manter a saúde de solo adequada para uma boa produção agrícola. Dessa forma, a pesquisa indica que buscar formas de melhorar a eficiência do uso de carbono pelos microrganismos pode contribuir também com a garantia de segurança alimentar no mundo.

Além disso, os cálculos deste estudo foram feitos usando técnicas de big data e aprendizagem de máquina, permitindo a análise de um enorme banco de dados que contou com informações do solo de todo o planeta. Os pesquisadores esperam que a metodologia desenvolvida abra novas possibilidades de análise para estudos ambientais semelhantes.