Anchor Deezer Spotify

Maior raio da história estava perdido nos arquivos

Maior raio da história estava perdido nos arquivos

O maior raio já registrado estendeu-se por 829 km ao longo das Grandes Planícies, nos EUA, indo do leste do Texas quase até a cidade do Kansas.

Ele ocorreu durante uma tempestade em Outubro de 2017, mas só agora foi identificado conforme os cientistas reanalisavam dados antigos de satélite.

“É provável que ainda existam extremos ainda maiores e que seremos capazes de observá-los à medida que medições adicionais de raios de alta qualidade se acumulam ao longo do tempo,” disse Randy Cerveny, da Universidade do Estado do Arizona.

O recorde de maior raio do mundo agora terá que ser validado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM).

Por vários anos, o recorde de maior raio pertenceu ao Brasil, durante uma tempestade no dia 31 de Outubro de 2018, cruzando os céus por 709 km de leste a oeste da Região Sul, indo do Oceano Atlântico até a Argentina.

Maior raio da história estava perdido nos arquivos

Imagem do mesmo raio, sobreposta em imagens de refletividade de radar.
[Imagem: Michael J. Peterson et al. – 10.1175/BAMS-D-25-0037.1]

Megarraios

O novo recorde passou despercebido até um reexame das observações de satélite, feitas durante a tempestade de 2017.

Tradicionalmente, a detecção e a medição de raios dependiam de redes terrestres de antenas, que detectavam os sinais de rádio emitidos pelos raios e então estimavam a localização e a velocidade de viagem com base no tempo que os sinais levavam para chegar a outras estações da rede.

Os primeiros detectores de raios transportados por satélite entraram em órbita justamente no ano de 2017, tornando possível detectar raios continuamente e medi-los com precisão em distâncias de escala continental. O satélite GOES-16, por exemplo, detecta cerca de um milhão de raios por dia. Ele é o primeiro de quatro satélites da NOAA (Agência Nacional Oceânica e Atmosférica) equipados com mapeadores geoestacionários de raios, ao qual se juntam satélites semelhantes lançados pela Europa e pela China.

Os novos dados de satélite mostram que a maioria dos raios tem alcance limitado a menos de 16 quilômetros. Quando um raio atinge mais de 100 quilômetros, ele é considerado um megarraio – menos de 1% das tempestades produzem megarraios, de acordo com as observações de satélite. Eles tipicamente ocorrem durante tempestades de longa duração, geralmente durando 14 horas ou mais, e de tamanho massivo.

E aqui há uma informação que poucos conhecem: A maioria dos ferimentos causados por raios ocorre antes e depois do pico da tempestade, não no auge dela. “É por isso que você deve esperar pelo menos meia hora após a tempestade passar antes de sair e retomar suas atividades normais,” disse Cerveny. “A tempestade que produz um raio não precisa passar por cima de você.”

Bibliografia:

Artigo: A New WMO-Certified Single Megaflash Lightning Record Distance
Autores: Michael J. Peterson, Rachel Albrecht, Sven-Erik Enno, Ronald L. Holle, Timothy Lang, Timothy Logan, Walter A. Lyons, Joan Montanya, Shriram Sharma, Yoav Yair, Jessica Losego, Randall S. Cerveny
Revista: Bulletin of the American Meteorological Society
DOI: 10.1175/BAMS-D-25-0037.1