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Maior iceberg do mundo está em contagem regressiva para o fim

Maior iceberg do mundo está em contagem regressiva para o fim

Perda de mais da metade do tamanho em poucos meses mostra que o fim do atual “rei” dos icebergs é inevitável e está próximo

Quase quatro décadas após se desprender da Antártida, o iceberg A23a, um dos maiores já registrados, está se fragmentando rapidamente. Cientistas afirmam que ele pode desaparecer nas próximas semanas, derretendo nas águas mais quentes do Atlântico Sul.No começo do ano, o gigante de gelo pesava cerca de um trilhão de toneladas e tinha mais que o dobro do tamanho da cidade de São Paulo (cerca de 3.600 km quadrados). Atualmente, ele perdeu mais da metade de seu tamanho, embora ainda impressione com 1.770 km quadrados de extensão e 60 km de largura máxima, de acordo com imagens de satélite do programa Copernicus, da União Europeia.

Imagem do iceberg A23a obtida em março de 2025. Crédito: União Europeia/Copernicus Sentinel-3

Nas últimas semanas, pedaços enormes, de cerca de 400 km quadrados, se soltaram, enquanto fragmentos menores, alguns grandes o suficiente para ameaçar navios, se espalharam pelo mar. O iceberg estava “se fragmentando dramaticamente” à medida que se movia para o norte, disse Andrew Meijers, oceanógrafo do British Antarctic Survey, à agência de notícias AFP.

Imagem do iceberg A23a, obtida em 5 de abril de 2025, mostra uma desintegração típica de icebergs que se deslocam para o norte, causada pelas temperaturas mais altas do mar e pelas condições climáticas.. Crédito: União Europeia, imagens do Copernicus Sentinel-3

Iceberg está “apodrecendo por baixo”

“Eu diria que está a ponto de desaparecer. Está basicamente apodrecendo por baixo. A água está quente demais para ele se manter. Está derretendo constantemente”, afirmou Meijers. “Espero que isso continue nas próximas semanas e que não seja realmente identificável dentro de algumas semanas.”

O A23a se desprendeu da plataforma antártica em 1986, mas ficou preso no Mar de Weddell por mais de 30 anos. Só em 2020 conseguiu se mover, sendo levado pela Corrente Circumpolar Antártica pelo chamado “Beco do Iceberg”, até o Atlântico Sul.

Em março deste ano, ele encalhou perto da ilha Geórgia do Sul, preocupando cientistas com o impacto sobre pinguins e focas. No entanto, se soltou no final de maio e continuou navegando. Nas semanas seguintes, ganhou velocidade, chegando a percorrer até 20 km em um dia, mas começou a se fragmentar rapidamente ao entrar em águas mais quentes.

A borda do iceberg A23a em foto registrada em 1º de dezembro de 2023. Crédito: Theresa Gossman/Matthew Gascoyne/Christopher Grey/British Antarctic Survey

Embora resistente, fim é inevitável

Cientistas se disseram “surpresos” com a resistência do iceberg A23a. Segundo Meijers, a maioria deles não chega tão longe. “Este é muito grande, então durou mais e foi mais longe do que os outros.” O cientista reforça que todos os icebergs estão “condenados” ao deixar a proteção gelada da Antártida, o que significa que o fim do atual “rei” do gelo é inevitável.

Embora o desprendimento de icebergs seja um processo natural, pesquisas mostram que as mudanças climáticas causadas pelo homem provavelmente estão acelerando a perda de gelo na Antártida.

Flavia Correia
Redator(a)
Flavia Correia no Twitter

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.