Madeira super-hidrofóbica repele a água como borracha

Madeira super-hidrofóbica

Parece não haver limites para o que se pode fazer com a madeira, um material renovável que pode ser cultivado como qualquer outra cultura.

Qian Liu e colegas da Universidade Florestal do Sudoeste, na China, conseguiram fazer com que a madeira atinja um nível de repelência à água similar à dos plásticos e borrachas.

Gotas de água pingadas sobre a madeira modificada saltam como se estivessem entrando em contato com uma superfície de borracha, dando à madeira a propriedade conhecida como super-hidrofobicidade.

E é uma modificação robusta: Nem mesmo lançar hidróxido de sódio e ácido clorídrico sobre a madeira, algo que os cientistas fizeram durante 30 horas, conseguiu estragar a super-hidrofobicidade. Jatos de areia também não estragaram o revestimento superficial.

A madeira tratada também foi posta sob lâmpadas UV-A de 340 nm durante 33 dias, para simular o desgaste natural sob o Sol – enquanto a madeira original não tratada sofreu uma diferença de cor de 18 unidades na métrica da Comissão Internacional de Iluminação (CIE), a madeira modificada sofreu uma alteração de apenas 1 unidade.

Mesmo com imersão, a absorção de água caiu de 64% na madeira não tratada para 7% na madeira super-hidrofóbica, reduzindo o inchaço volumétrico pela metade e proporcionando uma eficiência anti-inchaço de 56%, algo crucial para deques ou revestimentos expostos à chuva e ao Sol em rápida sucessão.

E não são só gotas de chuva que são repelidas: A madeira hidrofóbica resiste até mesmo à imersão.
[Imagem: Qian Liu et al. – 10.1016/j.jobab.2025.11.004]

Superfícies antipichação

A técnica começa com as peças de madeira sendo mergulhadas em uma solução de silicone de baixo custo, essencialmente uma vulcanização à temperatura ambiente, promovida por um agente de reticulação e pelo composto vinil-trietoxisilano (VTES), criando uma interfase elastomérica sobre a madeira.

A seguir, sobre a nova interface foram cultivados nanobastões de óxido de zinco (ZnO), para gerar rugosidade em uma escala que vai do micro ao nano. Além de evitar o espalhamento da água, esses nanobastões atuam como uma barreira sacrificial contra abrasão externa, dando robustez ao tratamento.

“O processo não utiliza flúor, requer apenas cura à temperatura ambiente e funcionou em seis espécies de madeira – da balsa ao abeto – sugerindo que as serrarias poderiam adaptar as linhas de imersão existentes. Com a crescente demanda global por materiais de construção duráveis à base de materiais biológicos, uma madeira que se limpa sozinha, rejeita pichações e nunca precisa de nova selagem poderia alcançar preços premium, além de evitar que 70 milhões de toneladas de resíduos de lignina fossem descartadas em fornos,” escreveu a equipe.