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Lua tem “bolsões” de gás carbônico que podem ser usados para gerar combustível e plantas

Lua tem “bolsões” de gás carbônico que podem ser usados para gerar combustível e plantas

Um novo estudo faz uma afirmação que pode ajudar muito a colonização da Lua, ao sugerir que o satélite tem “bolsões” de gás carbônico (CO2) que, caso sejam confirmados, poderão ser usados para a produção de plantas e combustível – em termos diretos, tornar a exploração e estabelecimento de bases na Lua auto suficientes (ou perto disso).

paper foi publicado no jornal científico Geophysical Research Letters e menciona a existência de uma anomalia conhecida como “armadilha fria”. Basicamente, isso consiste de um fenômeno raro onde o dióxido de carbono (outro nome para o CO2) se acumula em um mesmo espaço por longos períodos de tempo.

Imaegm da Lua no céu: estudo fala em "bolsões" de gás carbônico presentes na parte escura do satélite
Partes escuras no pólo Sul da Lua contém bolsões de gás carbônico, que, com sorte, podem virar recurso de produção de combustível e plantações no futuro (Imagem: Paitoon Pornsuksomboon/Shutterstock)

Tal fenômeno já foi observado não só na Lua, mas também em outros planetas – como é o caso da identificação de água presa em regiões específicas (ou formações desérticas que, há bilhões de anos, eram corpos de água).

No caso da Lua, o nosso satélite é quase que inteiramente recheado de crateras, que afundam partes de sua superfície, impedindo que a luz do Sol chegue até elas. Como ela não tem atmosfera, as noites na Lua podem chegar a temperaturas de frio extremo – em média, -183º C (Celsius).

O CO2 tem uma temperatura de congelamento que começa em -78º C. Considerando um ambiente onde seu acúmulo é favorecido e o Sol não consiga aquecer a área, faz sentido que o gás possa até mesmo congelar e ser mantido ali por muitos anos.

“Eu acho que, quando começamos [o estudo], a pergunta era ‘Podemos confirmar com confiança se há armadilhas de CO2 na Lua ou não?’”, disse Norbert Schörghofer, cientista do Instituto de Ciências Planetárias em Honolulu, no Havaí. “A minha surpresa foi descobrir que eles definitivamente estão lá. Pode ser que nós não tenhamos conseguido estabelecer sua presença até agora – eles podem ter aparecido como um pixel em algum mapa -, então eu acho que a surpresa mesmo foi o fato de termos encontrado regiões contíguas que são frias o suficiente para isso, sem sombra de dúvida”.

Contudo, apesar de Schörghofer afirmar com toda a certeza que essas armadilhas estão lá, ele ainda não pode confirmar se elas poderão ser úteis para a exploração humana. O especialista explica que ainda não é possível determinar se as moléculas detectadas são sólidas ou gasosas – apenas o primeiro estado nos serviria.

O estudo estima uma área de mais ou menos 82 quilômetros quadrados (km²) de armadilhas frias, majoritariamente localizadas no pólo sul da Lua. Esses bolsões, então, contemplam pouco mais de um terço da região, que tem 204 km² de extensão.

“Essas áreas devem ter alta prioridade para missões futuras de estudo”, disse Paul Hayne, um cientista planetário da Universidade de Boulder, no Colorado, não envolvido no estudo. “Isso meio que aponta para nós a direção para onde devemos ir na superfície lunar, a fim de respondermos algumas das grandes questões sobre recursos voláteis da Lua”.

Outra vantagem do CO2 é a de que ele pode explicar a presença de água (H2O) nas áreas ensolaradas da Lua. Estudos anteriores já identificaram partes de água que estão sujeitas ao calor irrestrito do Sol, o que gerou interesse de vários países no que tange aos recursos potencialmente oferecidos pela Lua para a exploração humana.

Respostas mais práticas devem começar a chegar em 2025 e além: a Nasa segue desenvolvendo tecnologias para o Programa Artemis, que eventualmente fará com que o homem volte à Lua e, com sorte, fará com que nós consigamos estabelecer uma base no nosso satélite natural.