Anchor Deezer Spotify

La Niña pode voltar a atuar a partir de setembro no Brasil; saiba como o clima será afetado

La Niña pode voltar a atuar a partir de setembro no Brasil; saiba como o clima será afetado

Projeção da OMM indica chuvas acima da média em grande parte do Brasil nos próximos três meses, assim como seca no Centro-Sul

O fenômeno climático La Niña, que costuma gerar chuvas na Amazônia enquanto aumenta a chance de secas no Sul do Brasil, pode voltar a atuar sobre a América do Sul a partir deste mês de setembro, afirma a OMM (Organização Meteorológica Mundial) em comunicado publicado nesta terça-feira (2).

No trimestre até novembro, chuvas acima do normal são previstas para uma faixa que se estende do Amazonas ao interior da região Nordeste, influenciando até mesmo o litoral da Bahia e possivelmente do Sudeste. Períodos de seca, por outro lado, podem ser esperados nos próximos três meses no corredor entre o Mato Grosso do Sul e o Rio Grande do Sul. A OMM aponta ainda calor acima da média no extremo norte e extremo Sul do país neste período.

Segundo a organização, nos meses desde já até novembro há 55% de chance de um período de La Niña e 45% de chance de continuação do atual estágio neutro. O que define uma temporada de Niño ou Niña é a temperatura da superfície do oceano Pacífico na região do Equador.

Na previsão para setembro do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), na maior parte da Região Sul e no noroeste do Amazonas, as estimativas apontam chuvas acima da média, além de grande parte do território nacional com calor atípico de acordo com o histórico para o mês.

Águas mais frias definem a La Niña, que geralmente contribui para um ano menos quente globalmente. Apesar da influência temporária do fenômeno, a OMM projeta que as temperaturas se mantenham acima da média em grande parte do mundo até o final do ano.

Padrões de chuva (em verde) para setembro, outubro e novembro indicam precipitação acima da média em grande parte do Brasil (à direita no mapa), e também seca no Centro Sul do país (em amarelo). — Foto: OMM
Padrões de chuva (em verde) para setembro, outubro e novembro indicam precipitação acima da média em grande parte do Brasil (à direita no mapa), e também seca no Centro Sul do país (em amarelo). — Foto: OMM

Ambos os fenômenos contribuem para padrões de chuva e temperatura ao redor do planeta, cada um ao seu modo, sendo um praticamente o contrário de outro. Para o período de outubro a dezembro de 2025, a probabilidade de ocorrência de La Niña aumenta ligeiramente para cerca de 60%.

“As previsões sazonais para El Niño e La Niña e seus impactos associados em nosso clima são uma importante ferramenta de inteligência climática. Elas se traduzem em milhões de dólares em economia para setores-chave como agricultura, energia, saúde e transporte, e salvaram milhares de vidas quando usadas para orientar ações de preparação e resposta”, afirmou a secretária-geral da OMM, Celeste Saulo.

Apesar da expectativa de uma influência moderada durante o possível período de La Niña nos próximo meses, a agência climática ressalta que, associada à mudança climática, as características dos ciclos de El Niño e La Niña potencializa a ocorrência de eventos extremos, como as chuvas ocorridas no Sul do Brasil em 2024.

“Eventos climáticos naturais como La Niña e El Niño estão ocorrendo no contexto mais amplo das mudanças climáticas induzidas pelo homem, que estão aumentando as temperaturas globais, agravando o clima extremo e impactando os padrões sazonais de precipitação e temperatura”, destaca o comunicado.