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Jovem cria bomba eólica que amplia acesso à água no semiárido

Jovem cria bomba eólica que amplia acesso à água no semiárido

Bomba eólica criada por estudante de 14 anos funciona sem eletricidade e pode facilitar a rotina de agricultores do semiárido

Um projeto desenvolvido por um estudante pernambucano de 14 anos tem chamado a atenção dentro e fora do Brasil por oferecer uma solução simples, sustentável e de baixo custo para comunidades do semiárido. Lucas Figueiredo, aluno do Colégio Santa Maria, no Recife, criou uma bomba d’água movida exclusivamente à força dos ventos — sem depender de eletricidade — e construída com materiais recicláveis.

A ideia surgiu há quatro anos, quando Lucas ainda cursava o 6º ano e participava da feira de ciências da escola. A inspiração veio do cinema. “Minha inspiração maior veio do filme O Menino que Descobriu o Vento, que mostra a vida de um menino africano que criou uma bomba para resolver o problema da seca na sua comunidade, ele conta. Com orientação da professora Isabel Guaraná e apoio do tio, o engenheiro elétrico Luciano Figueiredo, o jovem inventor aprimorou o projeto até chegar a um protótipo funcional.

dispositivo para levar água ao semiárido
Foto: Arquivo Pessoal

O estudante também conversou com agricultores de Bom Jardim (PE) para entender as demandas reais do campo. Foi nesse contato que percebeu o impacto que a falta de água causa no dia a dia das famílias: “a maioria depende da água da chuva, armazenada em cisternas, e transportar essa água é muito pesado”. Segundo Lucas, bombas elétricas costumam ser caras, inacessíveis para muitas famílias do interior. “A introdução de uma bomba como a que eu desenvolvi poderia facilitar muito a vida deles”, afirma.

A estrutura criada usa a energia eólica para acionar um pistão que empurra a água, sem necessidade de energia elétrica. Ao longo dos testes, foram ajustadas a entrada de água, os materiais e até os formato das hélices, buscando durabilidade e eficiência. O projeto rendeu ao jovem uma medalha de ouro na International Greenwich Olympiad, em Londres, além de reconhecimento na Feira Nordestina de Ciência e Tecnologia e na Milset Expo-Sciences International (ESI), em Abu Dhabi, onde representou o Brasil em 2024.

professora e aluno
Foto: Arquivo Pessoal

Orientação ajudou a transformar uma ideia em tecnologia

A professora do Laboratório de Ciências do Colégio Santa Maria, Isabel Guaraná, acompanha o projeto desde seu início. “Ele me procurou durante a ExpoCiência, espontaneamente,  e demonstrou grande interesse em desenvolver um trabalho mais aprofundado”, conta. Segundo ela, o processo envolveu desde ensinar fundamentos de pesquisa científica até acompanhar testes práticos e acertos no processo: “realizamos ajustes na mecânica, avaliamos diferentes materiais, revisamos os testes de eficiência e propusemos melhorias para aumentar o desempenho e a segurança do protótipo”, afirma.

Para ela, acompanhar a evolução do projeto e ver Lucas representar a escola em eventos nacionais e internacionais é motivo de orgulho: “Comprova o impacto positivo da educação e da inovação científica”. A invenção também chama a atenção pelo potencial social, o de reduzir o esforço manual no transporte de água, economizar energia e ajudar a aumentar a produtividade agrícola em regiões afetadas por secas anuais. Lucas segue aperfeiçoando o protótipo e já tem participação confirmada na Genius Olympiad, em Nova Iorque, em 2026.

estudante cria dispositivo para levar água ao semiárido
Foto: Arquivo Pessoal