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Árvore chilena pode ter 5 mil anos e ser mais antiga do mundo

Árvore chilena pode ter 5 mil anos e ser mais antiga do mundo

Pesquisadores buscam métodos de confirmar com precisão a idade da planta, que poderia “destronar” árvore dos EUA com 4.850 anos

O alerce é um tipo de árvore tipicamente chilena, também chamada de cipreste-da-Patagônia. Mas o “Grande Avô”, com seus 30 metros de altura, é um exemplar especial.

Análises dos anéis que compõem o tronco desta árvore, que fica no Parque Nacional do Alerce Costeiro, a 800 quilômetros ao sul da capital Santiago, indicam que ela pode ter mais de 5 mil anos, o que colocaria este vovô como a árvore mais velha do planeta. O título atual pertence à Califórnia, nos Estados Unidos. onde a árvore batizada como Methuselah já passa dos 4.850 anos.

“Grande Avô”: árvore chilena pode ter 5 mil anos e ser mais antiga do mundo

A descoberta chilena foi feita por pesquisadores do país e ainda é contestada, pois o núcleo do tronco da árvore está apodrecido, o que impede uma medição fiel da idade dela, que depende de uma amostra intacta da madeira, desde a casca até seu miolo central. Porém, para o pesquisador do clima Jonathan Barichivich, que analisou o Grande Avô com ajuda do dendrocronologista (especialista em datar a idade de árvores) Antonio Lara, este alerce pode ter nada menos que 5.484 anos de vida.

A dupla conseguiu amostras de apenas 40% da estrutura da árvore. Essa parte do tronco já permitiu uma conclusão confiável de cerca de 2.400 anos. A partir deste resultado, Barichivich buscou uma maneira para estimar a idade do Grande Avô, explica o jornal The Guardian. Com as idades conhecidas de outros alerces na floresta, e levando em consideração o clima e a variação natural, ele calibrou um modelo que simulou uma gama de idades possíveis, produzindo a estimativa surpreendente.

Uma vez confirmada a medição, o Grande Avô seria a árvore não clonal mais antiga do mundo – uma planta que não compartilha raízes com outros exemplares. Algumas árvores clonais vivem mais, como o Old Tjikko da Suécia, um abeto norueguês com idade estimada em 9.558 anos.

Barichivich acredita que sua estimativa tem cerca de 80% de precisão. Para o pesquisador chileno, que conhece o Grande Avô desde a infância, quando já frequentava o parque nacional, as árvores antigas podem ajudar especialistas a entender como as florestas interagem com o clima.

“O Grande Avô não é apenas antigo, é uma cápsula do tempo com uma mensagem sobre o futuro”, afirmou o cientista ao diário britânico. “Temos um registro de vida de 5.000 anos somente nesta árvore, e podemos ver a resposta de um ser antigo às mudanças que fizemos no planeta.”

Em janeiro, Barichivich ganhou uma bolsa de 1,5 milhão de euros do Conselho Europeu de Pesquisa para uma grande análise mundial sobre árvores antigas, para aferir informações contidas em seus troncos que possam mostrar como estes seres anciãos resistiram às alterações anteriores do clima.