Glitter: um brilho que ameaça a natureza

O glitter se soma às 8 milhões de toneladas de plástico que ameaçam os oceanos a cada ano – veja outras opções para brilhar no Carnaval
Carnaval é uma delícia! Tem quem goste de ir atrás de blocos e trios elétricos, tem quem ame as escolas de samba e seus desfiles, tem a turma que aproveita o feriado para descansar. E sempre tem glitter. O brilho das fantasias e maquiagens se espalha por todo o Brasil e, infelizmente, esse material nada mais é do que plástico colorido. A boa notícia é que existem alternativas melhores para quem quer brilhar!
O glitter tradicional se soma às oito milhões de toneladas de plástico que chegam aos oceanos anualmente. E este material se torna ainda mais perigoso já que, diferente de garrafas e outros itens maiores, ele é formado por partículas difíceis de recolher, varrer e de filtrar nos sistemas de tratamento de água.
Feito de microplásticos, geralmente compostos por PET ou PVC e revestido com camadas metálicas, o glitter convencional pode levar centenas de anos para se degradar. Quando descartado, ele se quebra em micropartículas não biodegradáveis, acumulando-se em rios e mares e prejudicando os ecossistemas aquáticos. Estudos apontam que 35% dos microplásticos nos oceanos vêm de fibras sintéticas, como o glitter, representando um grave risco à vida marinha e à saúde humana.

Quer brilhar de verdade?
Se você não quer que a sua festa seja uma ameaça ao meio ambiente, a boa notícia é que existem alternativas como o bioglitter, que oferece o mesmo brilho, mas é produzido a partir de matérias-primas naturais.
Livre de substâncias tóxicas, o bioglitter é produzido a partir de matérias-primas naturais como mica (rocha), agar-agar (alga) e água, e possui a mesma capacidade de brilho do glitter tradicional, mas com uma característica fundamental: sua composição é biodegradável.
De acordo com testes laboratoriais, o bioglitter pode se decompor em até 90% em apenas 28 dias em ambientes naturais, enquanto o glitter plástico convencional pode permanecer no ambiente por séculos sem se decompor. Além de ser biodegradável, o bioglitter é livre de metais pesados e substâncias tóxicas, o que o torna seguro tanto para a pele quanto para os ecossistemas naturais.

No Brasil, pequenas marcas e produtores começaram a investir na produção de bioglitter, como parte de um movimento maior de conscientização ambiental.
Uma dessas empresas é a Marulho, empresa socioambiental que transforma redes de pesca descartadas em produtos sustentáveis, que atua como revendedora do bioglitter fabricado por marcas como “É para Brilhar” e “Pura Color Beauty“.
Brilho sustentável!
De acordo com Samara Oliveira, oceanógrafa e sócia da Marulho, a mudança para o bioglitter representa uma escolha mais responsável para quem se preocupa com os efeitos a longo prazo no meio ambiente.

“O bioglitter é uma alternativa eficaz para quem deseja participar das festividades de maneira mais consciente, com menor impacto ambiental. Ao optar por esse produto, estamos contribuindo para a preservação dos oceanos e dos ecossistemas marinhos”, comenta Oliveira.
Em um contexto em que a sustentabilidade está se tornando uma prioridade para muitos consumidores, o uso do bioglitter é uma forma de refletir sobre como nossas escolhas de consumo impactam o planeta.
Essa mudança simples pode contribuir para um futuro mais sustentável e garantir que as próximas gerações também possam aproveitar a beleza da festa sem causar danos ambientais.
