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Frutose pode explicar o aumento nos casos de obesidade

Frutose pode explicar o aumento nos casos de obesidade

Para explicar o que está por trás dos crescentes casos de obesidade, um recente estudo publicado na revista científica Obesity sugere que uma das principais causas está no consumo exagerado de frutose, através de alimentos industrializados. Entender este cenário pode impedir que, em 2035, 51% da população mundial esteja acima do peso e com risco aumentado para inúmeras doenças.

O excesso de frutose numa dieta está relacionado com a maior propensão para a indulgência alimentar. De forma simples, o excesso desse carboidrato faz com que o corpo deseje alimentos mais gordurosos e em quantidades maiores, favorecendo o ganho de peso.

Consumo exagerado de frutose ajuda a explicar casos de obesidade (Imagem: Puhimec/Envato)
Consumo exagerado de frutose ajuda a explicar casos de obesidade (Imagem: Puhimec/Envato)

Esta hipótese de que a frutose ajuda a explicar as causas da obesidade é defendida por pesquisadores da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos. Só que, além da alimentação, outros fatores devem ser considerados, como o sedentarismo e a baixa frequência de atividade física.

O que é frutose?

É importante entender que a frutose é um tipo de carboidrato, e é muito conhecida por ser o açúcar das frutas e dos vegetais. Então, ter ela no organismo definitivamente não é um problema quando se pensa na obesidade. Em outras palavras, o consumo diário de maçãs, bananas, laranjas, cenouras e beterrabas é altamente recomendável, ainda mais que envolvem o consumo de fibras e vitaminas associadas.

Além disso, o próprio corpo humano pode produzir pequenas quantidades de frutose, através do metabolismo de alguns carboidratos, como a glicose ou ainda alimentos salgados — estes também podem conter açúcar.

Açúcar refinado e alimentos ultraprocessados são ricos em frutose (Imagem: Faran Raufi/Unsplash)
Açúcar refinado e alimentos ultraprocessados são ricos em frutose (Imagem: Faran Raufi/Unsplash)

A questão maior está, aparentemente, na indústria alimentícia, já que a frutose é adicionada no açúcar branco refinado (ou de mesa) e também no xarope de milho rico em frutose. Ambos são recorrentes em alimentos ultraprocessados, incluindo bebidas. Como estão presentes em altas quantidades, a frutose deles pode se acumular, mesmo que a pessoa não perceba na dieta.

Risco da obesidade

Segundo os pesquisadores norte-americanos, o metabolismo da frutose no corpo humano provoca uma queda no composto conhecido como trifosfato de adenosina (ATP) — é quem fornece energia para a maioria dos processos celulares do corpo. Nesse sentido, o corpo entra em uma fase de baixo consumo de energia.

Só que, se o nível de ATP está baixo demais, o organismo entende que há necessidade por mais combustível (leia-se comida). Então, a pessoa sente fome e começa a comer.

O interessante é que essa vontade de comer ocorre mesmo quando há bastante energia disponível na forma de gordura armazenada. Isso porque a frutose impede a utilização de qualquer parte desse armazenamento. Normalmente, a preferência é por alimentos mais gordurosos.

Comparativo com o mundo animal

O comportamento observado em humanos e associado com a frutose pode ser benéfico em algumas circunstâncias na vida selvagem. Por exemplo, os ursos preservam as suas reservas de gordura comendo frutas, ricas em frutose, antes de entrarem em estado de torpor para enfrentar o inverno.

Mecanismo que provoca obesidade em humanos é vantajoso para ursos (Imagem: Zdeněk Macháček/Unsplash)
Mecanismo que provoca obesidade em humanos é vantajoso para ursos (Imagem: Zdeněk Macháček/Unsplash)

“Este mecanismo de base evolutiva é usado para ajudar os animais no armazenamento de gordura quando os alimentos ainda estão disponíveis, antes de uma esperada escassez”, afirmam os autores do estudo. “Embora [o mecanismo] esteja destinado a ajudar na sobrevivência a curto prazo, este caminho deixa de ser benéfico para conduzir a muitas das doenças modernas de hoje”, acrescentam.

Mais pesquisas

Agora, mais pesquisas devem investigar e confirmar a hipótese em humanos, já que a maioria dos estudos desenvolvidos em relação ao metabolismo da frutose no organismo foi desenvolvido em modelos animais.

Recentemente, outra pesquisa norte-americana sugeriu que a doença de Alzheimer e o declínio cognitivo também podem ser explicados a partir do consumo excessivo de frutose, através da alimentação.