Fóssil de “nova” espécie é encontrado em rochas de meio bilhão de anos
Artrópode do período Cambriano, “T. gainesi” surpreendeu pesquisadores do Canadá pelo seu comprimento de meio metro, considerado enorme para animais marinhos da época
Pesquisadores do Museu Real de Ontário (ROM, na sigla em inglês), no Canadá, descobriram um fóssil do que consideram ser uma nova espécie que teria vivido durante o período Cambriano. Publicado nesta quarta-feira (8) no periódico Royal Society Open Science, o achado aconteceu nas rochas de meio bilhão de anos do Parque Nacional Kootenay, localizado na província canadense de Colúmbia Britânica.
Nomeada como Titanokorys gainesi, a espécie descoberta parece ter habitado o mar e surpreende especialistas pelo seu comprimento, estimado em meio metro. “O tamanho desse animal é absolutamente incompreensível, é um dos maiores do período cambriano já encontrados”, diz o curador de Paleontologia de Invertebrados do ROM, Jean-Bernard Caron, em comunicado. Para ter ideia, a maioria dos indivíduos marinhos daquela época não ultrapassou a medida equivalente a um dedo mindinho.
O T. gainesi pertence à ordem dos radiodontes, artrópodes que tinham dentre suas características típicas olhos multifacetados, boca com formato parecido ao de uma fatia de abacaxi e cheia de dentes, um par de garras abaixo da cabeça e um corpo com retalhos para nadar.
Outro traço observado em algumas espécies de radiodontes, incluindo os Titanokorys, é uma enorme carapaça na cabeça. Segundo Joe Moysiuk, doutorando na Universidade de Toronto, essa estrutura é composta por três partes que criam variadas formas. “A cabeça é tão longa em relação ao corpo que esses animais praticamente não passam de cabeças nadadoras”, afirma o coautor do estudo.
O aspecto achatado da carapaça do T. gainesi sugere que ele sofreu adaptações para viver nas zonas marinhas de maior profundidade. “Esses animais enigmáticos certamente tiveram um grande impacto nos ecossistemas do fundo do mar cambriano”, acredita Caron.
Quanto à alimentação, a captura de presas parece ter sido facilitada por membros frontais que lembram ancinhos, de acordo com os pesquisadores. “A enorme carapaça dorsal pode ter funcionado como um arado”, explica o especialista.