Formigas são vistas presas em resíduos plásticos em registro inusitado
Pesquisadores observaram dois insetos envoltos em fibras plásticas na ilha espanhola de La Palma, sendo que um deles estava enrolado na região abdominal e nas pernas
Pela primeira vez, pesquisadores registraram formigas ficando presas em fibras plásticas. O fenômeno, que pode ser considerado indício do agravamento da poluição por plástico na Terra, foi descrito em setembro na revista Ecological Entomology.
Enquanto realizava um trabalho de campo na ilha espanhola de La Palma, em 2022, Armand Rausell-Moreno, do Museu Nacional de Ciências Naturais de Madri, na Espanha, notou as formigas presas em plástico.
Ele então contatou os especialistas em formigas J. Manuel Vidal-Cordero e Álvaro Luna. “Imediatamente soubemos que a história poderia ser interessante, já que costumo ler muitos artigos científicos sobre poluição por plásticos e não tinha encontrado nada publicado sobre isso”, disse Luna, ao portal IFLScience.
Os pesquisadores coletaram 113 formigas em 40 locais diferentes ao redor de La Palma, descobrindo que três dos insetos estavam envolvidos em algum tipo de fibra. Testes de laboratório revelaram que duas dessas fibras eram feitas de plástico, uma das quais estava enrolada na região abdominal e nas pernas da formiga.
As espécies encontradas com as fibras de plástico foram Lasius grandis, que é nativa da região mediterrânea da Europa e do Norte da África, e uma do gênero Monomorium. “Até onde sabemos, nossas observações representam um dos primeiros registros de emaranhamento de insetos em fibras plásticas”, dizem os pesquisadores no estudo.
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Conforme eles relatam, as fibras não causaram a morte das formigas, já que elas foram coletadas vivas, sem danos aparentes. Não está claro como ou onde os insetos podem ficar emaranhados nesse material, mas isso pode acontecer acidentalmente durante a alimentação.
Isso porque elas podem estar usando ou identificando erroneamente o plástico fibroso como alimento ou transportando-o como material de construção. “Para ser honesto, acredito que nem nós nem ninguém até o momento tem uma estimativa real da extensão em que esse problema está ocorrendo e se é algo generalizado e sério ou não”, conta Luna.
O pesquisador supõe que o plástico não esteja afetando os insetos no mesmo nível de gravidade dos ecossistemas marinhos. “De qualquer forma, tenho certeza de que os plásticos estão interagindo com insetos e invertebrados de maneiras ainda pouco estudadas até o momento”, disse.
