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Fontes naturais também são responsáveis pelo aumento de metano na atmosfera

Fontes naturais também são responsáveis pelo aumento de metano na atmosfera

Os níveis de metano atmosférico não param de subir e, em grande parte, isso se deve às emissões de fontes naturais, como a biodecomposição em pântanos. Ao menos é o que diz o relatório do Global Carbon Project (GCP), que analisou um extenso conjunto de dados atmosféricos.

Embora dure apenas nove anos na atmosfera, o metano é o gás de efeito estufa (GEE) mais potente que há. Desde a Revolução Industrial, seu impacto global — incluindo seus efeitos em outros gases — é aproximadamente metade do impacto do gás carbônico.

Médias anuais de metano na atmosfera e sua crescente concetração ao longo dos últimos anos (Imagem: Reprodução/CCI/CAMS/SRON)

Entre as décadas de 1980 e 1990, os níveis de metano atmosférico subiram, mas logo se estabilizaram. Em 2007, a concentração voltou a subir e ainda mais veloz. Então, no ano passado, a taxa de metano atmosférico atingiu um novo recorde: quase 1.900 partes por milhão (ppm).

Com isso, estamos cada vez mais distantes de cumprir as metas do Acordo de Paris, firmadas em 2015, para reduzir os níveis de metano e outros poluentes da atmosfera da TErra.

Fontes de metano na Terra

O relatório do GCP, que analisou dados atmosféricos de 2000 a 2007, descobriu quais as principais fontes deste gás. Anualmente, estima-se que 600 milhões de toneladas de metano sejam lançados à atmosfera, dentre os quais dois quintos vêm de fontes naturais. Os três quintos restantes são emitidos por atividades humanas. Só a indústria de combustível fóssil emite 100 milhões de toneladas por ano.

Taxa de crescimento do metano atmosférico de acordo com as latitudes e anos (Imagem: Reprodução/NOAA)

Parte do metano que sobe à atmosfera vem da indústria de gás natural. Recentemente, uma pesquisa revelou que os fogões domésticos perdem o metano mesmo quando desligados, além do que vaza nos canos e tubulações envolvidas. Entre 2000 a 2007, a indústria do carvão foi responsável por um terço de toda emissão. A agriculta emite 150 milhões de toneladas de metano a cada ano — sendo a maior fonte do mundo. Aterros urbanos e sistemas de esgoto, juntos, alcançam os 70 milhões de toneladas de metano anualmente.

Para identificar a origem do gás, os cientistas analisam a proporção de carbono atmosférico — o carbono-12 representa o metano de fontes biogênicas e o carbono-13 surge dos combustíveis fósseis ou incêndios. Segundo os cientistas, o metano produzido por fontes naturais está aumentando bem mais rapidamente do que aquele lançado pela indústria de combustíveis fósseis.

Emissões biogênicas de metano

O relatório também observou que, desde 2007, as principais fontes biogênicas de metano se concentraram nos trópicos, embora o hemisfério Norte tenha contribuído bastante.

A crescente demanda global por carne tem contribuído bastante com as emissões de metano à atmosfera (Imagem: Reprodução/twenty20photos/Envato)

Os pântanos do mundo emitem aproximadamente 200 milhões de toneladas de metano a cada ano e, uma vez que a temperatura global aumenta, a biodecomposição nessas áreas pantanosas emite ainda mais do gás nocivo.

E os micróbios presentes no estômago das vacas são parecidos aos encontrados nos pântanos. De modo geral, os ruminantes emitem quase a mesma quantidade de metano do que a indústria de combustíveis fósseis, algo em torno de 115 milhões de toneladas por ano.

Os pesquisadores ressaltam a necessidade de medidas urgentes e eficazes para a contenção do metano global — inclusive porque isso foi firmado na última conferência do clima da ONU, a COP26, onde mais de 100 nações de comprometeram a reduzir o metano em 30% até 2030.

O relatório foi publicado no periódico Earth System Science Data (ESSD).