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Falar sobre comida é uma forma de conscientizar sobre a crise climática, aponta escritor norte-americano

Falar sobre comida é uma forma de conscientizar sobre a crise climática, aponta escritor norte-americano

Autor e professor Mike Hoffmann participou da Semana do Clima de NY e descreveu as relações cada vez mais complexas entre alimentos e mudanças climáticas

O trigo está presente de forma intensa no nosso dia-a-dia, no pãozinho do café da manhã e nas massas que consumimos. Mas a produção do segundo grão mais importante do mundo pode ser duramente afetada pelas mudanças climática. Segundo pesquisadores, a produção deve cair até 6% para cada aumento de 1ºC na temperatura; além disso, cientistas indicam que até 60% das áreas de produção atuais devem ser afetadas por severa falta de água até o fim do século.

As mudanças climáticas afetam a produção do trigo, do leite, do café, e de todos os ingredientes que compõem a nossa alimentação cotidiana. E falar sobre isso é uma forma de chamar a atenção para a crise climática e mobilizar as pessoas em prol da mudança, segundo Mike Hoffmann, professor na Universidade de Cornell, que participou de um painel na Semana do Clima de Nova York.

Comida é algo relevante, é cultural, é necessário. É uma ótima forma de conectar as pessoas a respeito da crise climática, pois é um assunto que interessa a todos, globalmente.
— Mike Hoffmann

“Tudo em um cardápio está mudando: começando com as colheitas, as temperaturas, a seca, a água, o solo, o ar. E tudo isso gera efeitos em nossos alimentos e bebidas. Os sabores dos chás, o teor de proteínas e minerais do trigo, as vitaminas do arroz e os rendimentos de muitas culturas estão mudando”, afirmou.

Falar sobre “um cardápio em mudança” significa, para ele, uma forma de unir forças, dos consumidores, produtores, chefs, donos de restaurantes e empresas de alimentos, para encontrar um terreno comum e atrair mais atenção e chamada para ação no que diz respeito à crise climática – afinal, “todos nós comemos”, como ele conclui.

Junto com Carrie Koplinka-Loehr e Danielle L. Eiseman, ele escreveu o livro “Our Changing Menu: Climate Change and the Foods We Love and Need” (na tradução livre: Nosso cardápio em mudança: a crise climática e as comidas que amamos e das quais precisamos), lançado no último ano.

Além do livro, “Our Changing Menu” também se transformou em uma plataforma digital que permite ao usuário procurar dados da cadeia produtiva de inúmeros ingredientes ao redor do mundo e de que forma seus cultivos estão sendo afetados e até ameaçados pela crise climática.

Durante sua apresentação, Hoffmann falou também sobre o que podemos fazer para reverter os prognósticos atuais e futuros. “Uma pesquisa nacional recente demonstrou que as pessoas estão muito preocupadas com os impactos das mudanças climáticas em suas escolhas alimentares e estão dispostas a pagar mais por alimentos se forem cultivadas usando práticas favoráveis ao clima. Esses resultados apoiam o uso de alimentos para contar a história da crise climática e este livro é uma celebração da comida e um chamado à ação”, conta.