Estudo mostra impactos dos combustíveis fósseis na saúde pública

Um novo estudo divulgado na última 2ª feira (15/9) aponta como os poluentes de todo o ciclo dos combustíveis fósseis podem prejudicar todas as partes do nosso corpo. Apoiado em mais de 600 informações científicas, estudos de caso e depoimentos de comunidades e profissionais de saúde, os achados listam danos como baixo peso ao nascer, asma, câncer, doenças cardíacas, demência e morte prematura.
Em 2024, as emissões de gases do efeito estufa alcançaram novo recorde – com aumento de 0,80% em relação a 2023. O fato foi um dos motivos para a elaboração do estudo, produzido pela Global Climate & Health Alliance (GCHA), coalizão com mais de 200 profissionais de saúde, organizações e redes da sociedade civil dedicadas à saúde e presentes em 125 países.
Jennifer Kuhl, uma das autoras, define o impacto dos combustíveis fósseis como “choque integral” à saúde. “Crianças cujos pais viviam perto de áreas de extração de carvão ou de gás de xisto quando ainda estavam no útero da mãe têm duas vezes mais chance de ter leucemia linfoblástica aguda do que crianças cujas famílias viviam longe de regiões assim”, explica.
Existem registros de vazamento de gás de xisto entre 2010 e 2021 nos Estados Unidos, indicando que um caso deste acontece a cada 40h no país. A poluição está também associada a maior risco de Parkinson e diabete tipo 2.
O Valor destaca o impacto em crianças: quando mulheres grávidas são expostas a poluentes fósseis, seus filhos nascem abaixo do peso. Há também aumento de doenças neurológicas em crianças e riscos que aumentam chances de enfermidades cardíacas, câncer de pulmão, boca, próstata e pele.
Shweta Narayan, outra autora, lembra que, apesar de 99% das população mundial respirar ar poluído, a carga maior recaí em comunidades vulneráveis, as chamadas “zonas de sacrifício”. Outros danos associados aos poluentes são deslocamento, aumento da desigualdade e crises de saúde mental.
Os autores estimam que, em 2022, os subsídios globais aos combustíveis fósseis tenham sido de US$ 7 trilhões, dos quais US$ 5,7 representam custos indiretos, como gastos à saúde, danos relacionados ao clima e perda de produtividade. As crianças são especialmente atingidas, porque o valor gasto com fósseis poderia subsidiar serviços públicos essenciais, como saúde, moradia e educação, lembra o Climate Home.
Para Jeni Miler, diretora-executiva da GCHA, a COP30 é uma oportunidade única para mudar esse quadro. “Os negociadores devem estabelecer objetivos claros, com prazos, para que as sociedades deixem os fósseis”, afirma.
O relatório também foi repercutido no Barrons’, Phys e Business Times.