Anchor Deezer Spotify

Estudo coloca manguezais como potência de crédito de carbono, atrás apenas da Amazônia

Estudo coloca manguezais como potência de crédito de carbono, atrás apenas da Amazônia

Manguezais podem armazenar até quatro vezes mais carbono por metro quadrado na comparação com outros ecossistemas

Apesar do foco rotineiro do mercado de carbono ser as florestas e plantações, uma pesquisa conjunta entre Brasil e Estados Unidos revela que são os manguezais uma grande potência no que diz respeito a compensar as emissões de gases-estufa no país.

O estudo, publicado na revista científica Frontiers em janeiro, aponta que, ao analisar os biomas nacionais, os manguezais só perdem para a Floresta Amazônica em potencial de absorção de carbono no Brasil.

Isso acontece em grande parte devido ao maior poder de absorção de CO2 dos mangues, que podem chegar a armazenar quatro vezes mais carbono por metro quadrado na comparação com outros ecossistemas. O Brasil é o país com a segunda maior área de manguezais do mundo.

O levantamento é inédito. “Tentamos pela primeira vez quantificar, de forma integrada, os estoques e sequestros de carbono dos manguezais do Brasil. Dessa maneira, será possível converter essas estimativa em créditos de carbono e saber quanto vale cada hectare neste mercado, gerando subsídios para a valoração dos mesmos”, afirmou ao site Mongabay o biólogo Pablo Riul, professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Com a pesquisa, os cientistas destacam também a falta de informações sobre essa potencial “poupança” de créditos disponível nesse tipo de ecossistema, que se concentra no Norte e Nordeste, mas se espalha pela costa até o Sul do Brasil.

“No geral, vários estados do Norte e Nordeste do Brasil, onde mais de 80% dos manguezais do país estão presentes, carecem de dados”, aponta o estudo, ressaltando a necessidade de estimativas confiáveis sobre estoques de carbono orgânico do solo e taxas de sequestro para uma eventual utilização das áreas de mangue como créditos de descarbonização.

“Um hectare de mangue tem muito mais carbono do que a mesma área na Floresta Amazônica”, reforça Riul. “Mas ele é negligenciado. E sempre foi. Ele sempre foi visto como um lugar sujo, com muito lixo e esgoto, porque historicamente serviu para o descarte de esgoto de muitas cidades costeiras”, lamenta.