Mais informações: Renata Alitto, email renataaalitto@gmail.com , professor Nélio Bizzo, bizzo@usp.br .
*Estagiário sob a supervisão de Moisés Dourado e Simone Gomes
“Há um verdadeiro vazio curricular em relação aos ambientes costeiros e oceânicos”, relata o orientador do estudo, Nélio Bizzo, professor e pesquisador da FE. Segundo ele, os ambientes costeiros foram os mais modificados nos últimos tempos pelo ser humano e cita como exemplo a invasão de espécies exóticas como o mexilhão, que veio acidentalmente da África.
Há um verdadeiro vazio curricular em relação aos ambientes costeiros e oceânicos”
Nélio Bizzo
Um aspecto notado pela pesquisadora foi a prevalência de uma visão de mundo antropocêntrica e utilitária dos mares e oceanos, em que o meio ambiente era visto pelos estudantes como um conjunto de recursos naturais disponíveis para uso humano. Também foi observada uma percepção romanceada em relação à paz e à tranquilidade que o mar poderia transmitir. Agrupando as palavras mais citadas pelos alunos, cerca de 15% dos alunos fizeram comparações entre o mar, sentimentos de memórias e belezas naturais.A desconexão observada nos estudantes pode estar relacionada ao escasso conteúdo da fauna e da flora marinha brasileira nos materiais didáticos aos quais os alunos têm acesso nas escolas”, diz a pesquisadora.
Desde muito cedo, as crianças são bombardeadas com imagens e simbologias da fauna e flora estrangeira, como girafas, leões, ursos, pinguins, dentre outros. E nas escolas isso não é diferentes.
“Por uma questão de economia e de direitos autorais de imagens, os livros didáticos do Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) do Ministério da Educação (MEC) acabam priorizando o conteúdo estrangeiro que pouco tem a ver com nossa realidade brasileira”, relata a pesquisadora.
O trabalho conduzido pela bióloga fez parte do projeto temático Programa BIOTA-FAPESP na educação básica: possibilidades de integração curricular, cujo objetivo é promover práticas de ensino por meio da educação ambiental. Os resultados da pesquisa feita com os alunos das duas escolas públicas no Estado de São Paulo foram publicados em artigo no Journal of Biological Education. Além da bióloga, os pesquisadores Grace Alves, Simone Martorano e Thiago Antunes-Souza, todos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), também são autores do trabalho.
Renata explica que são várias frentes para promover uma cultura oceânica nos currículos escolares brasileiros. Uma delas é disponibilizar materiais didáticos que possam ser utilizados na educação básica. Nesse sentido, os pesquisadores do projeto temático Biota-Fapesp desenvolveram diversos recursos que podem ser acessados de forma gratuita por meio do site Edevo Darwin, onde estão diversos materiais didáticos em diferentes áreas (biodiversidade marinha, evolução, animais perigosos e venenosos, entre outros), fotos da biodiversidade brasileira, biblioteca de mídia (vídeos e podcasts) e blog. Também está disponíveil o App Click Biota, que funciona como uma rede de divulgação de fotos e vídeos da biodiversidade brasileira.
Mais informações: Renata Alitto, email renataaalitto@gmail.com , professor Nélio Bizzo, bizzo@usp.br .
*Estagiário sob a supervisão de Moisés Dourado e Simone Gomes