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Este plástico irá desaparecer em 13 meses

Este plástico irá desaparecer em 13 meses

É possível fabricar plásticos que não poluam os oceanos por décadas, ou mesmo séculos.

Shunichi Ishii e colegas da Universidade Shinshu, no Japão, desenvolveram um novo plástico ecológico, sintetizado por bactérias Escherichia coli geneticamente modificadas, que se decompõe em condições oceânicas profundas. O novo polímero recebeu o nome de LAHB [poli(d-lactato-co-3-hidroxibutirato)].

O polímero foi biodegradado em um experimento em águas profundas, perdendo mais de 80% de sua massa após 13 meses, à medida que os biofilmes microbianos decompunham ativamente o material. Os plásticos convencionais usados como comparação, como o PLA (polilactídeo de base biológica), permaneceram quase intactos no mesmo período.

Este teste em condições reais estabelece o LAHB como um plástico biodegradável mais seguro, dando suporte aos esforços globais para reduzir o acúmulo de plásticos nos oceanos.

“Nosso estudo demonstra pela primeira vez que o LAHB, um poliéster microbiano à base de lactato, sofre biodegradação ativa e mineralização completa mesmo no fundo do mar, onde o PLA convencional permanece completamente não degradável,” disse o professor Seiichi Taguchi.

Este plástico irá desaparecer em 13 meses

Lançamento e recuperação das amostras de filme plástico no fundo do mar.
[Imagem: Shunichi Ishii a et al. – 10.1016/j.polymdegradstab.2025.111527]

Biodegradação garantida

A equipe lançou no fundo do mar dois tipos de filmes de LAHB – um contendo cerca de 6% de ácido lático (P6LAHB) e outro com 13% de ácido lático (P13LAHB) – juntamente com um filme de PLA convencional para comparação. As amostras foram submersas a uma profundidade de 855 metros perto da Ilha de Hatsushima, onde as condições do mar profundo, as baixas temperaturas (3,6 °C), a alta salinidade e os baixos níveis de oxigênio dissolvido dificultam a degradação do plástico por micróbios.

Após 7 e 13 meses de imersão, os filmes de LAHB revelaram sinais claros de biodegradação: O filme P13LAHB perdeu 30,9% de seu peso após 7 meses e mais de 82% após 13 meses. O filme P6LAHB apresentou tendências semelhantes. Em contraste, o filme de PLA não apresentou perda de peso mensurável ou degradação visível durante o mesmo período, ressaltando sua resistência à degradação microbiana.

As superfícies dos filmes de LAHB desenvolveram rachaduras e estavam cobertas por biofilmes compostos por micróbios ovais e em forma de bastonete, indicando que microrganismos de águas profundas estavam colonizando e decompondo o plástico LAHB. O filme de PLA, no entanto, permaneceu completamente livre de biofilme.

“Esta pesquisa lida com uma das limitações mais críticas dos bioplásticos atuais: Sua falta de biodegradabilidade em ambientes marinhos. Ao demonstrar que o LAHB pode se decompor e mineralizar mesmo em condições de águas profundas, o estudo abre caminho para alternativas mais seguras aos plásticos convencionais e apoia a transição para uma bioeconomia circular,” concluiu o professor Taguchi.

Bibliografia:

Artigo: Unveiling deep-sea biodegradation of microbially produced lactate-based polyester (LAHB) via plastisphere metagenomics and metatranscriptomics
Autores: Shunichi Ishii, Sangho Koh, Miwa Suzuki, Ken-ichi Kasuya, Seiichi Taguchi
Revista: Polymer Degradation and Stability
Vol.: 240, 111527
DOI: 10.1016/j.polymdegradstab.2025.111527