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Especialista revela hábitos que aumentam a disposição física e emocional após os 70 anos

Especialista revela hábitos que aumentam a disposição física e emocional após os 70 anos

Alimentação equilibrada, rotina ativa, saúde emocional e bons relacionamentos são chaves para envelhecer com qualidade

Eles passaram dos 70 com brilho nos olhos e passos firmes. Qual o segredo? Nutróloga explica o que faz celebridades como Fernanda Montenegro, Laura Cardoso, Lima Duarte, Glória Menezes, Roberto Carlos, Clint Eastwood, Jane Fonda, Dick Van Dyke, Ian McKellen, Paul McCartney, Mick Jagger e Dolly Parton esbanjarem vitalidade mesmo com o tempo marcado no calendário. Afinal, o que mantém corpo e mente em movimento na terceira idade? Como os hábitos diários, especialmente a alimentação, podem influenciar diretamente na energia e na longevidade? A nutróloga Paula Végah responde e aponta os caminhos para um envelhecimento ativo e cheio de vida.

A busca pela longevidade saudável acompanha a humanidade há séculos — dos elixires da juventude às descobertas da ciência moderna. Hoje, mais do que nunca, sabemos que viver mais e melhor depende menos da genética e mais das escolhas que fazemos todos os dias. Quem explica é Paula Végah, nutróloga, pós-graduada em Medicina Esportiva e do Exercício, com extensão em Lifestyle Medicine and Obesity Medicine pela Harvard Medical School.

Quais os principais fatores que influenciam na disposição física e emocional após os 70 anos?

Segundo Paula, o segredo começa cedo. — Quanto antes adotarmos bons hábitos, melhores serão os resultados em saúde e disposição no longo prazo — destaca.

Estudos recentes reforçam que, embora a genética tenha papel importante, é o estilo de vida que mais pesa na balança. A epigenética — área que estuda como o ambiente e os hábitos influenciam a expressão dos nossos genes — mostra que alimentação, estresse, sono e exposição a substâncias químicas podem deixar “marcas” no corpo, afetando diretamente a saúde e aumentando o risco de doenças como câncer, diabetes e problemas cardiovasculares.

Uma pesquisa publicada em fevereiro de 2025 na revista Nature Medicine, intitulada Integrating the environmental and genetic architectures of aging and mortality, revelou que fatores de estilo de vida explicam cerca de 17% da variação na expectativa de vida, enquanto os genéticos representam menos de 2%.

“Ou seja: está nas nossas mãos”, reforça a médica. “Especialmente após os 70, quando muitas pessoas acabam relaxando nos cuidados, é fundamental manter o compromisso com a saúde.”

Três pilares são fundamentais nesse processo:

  • Decisão: A transformação começa com o desejo de mudança. “A disposição vem da atitude de não aceitar ficar parado”, diz Paula
  • Disciplina: Pequenas ações diárias constroem hábitos poderosos
  • Saúde emocional: O diálogo e a conexão com outras pessoas seguem importantes em qualquer idade

Alimentação influencia na vida amorosa na terceira idade?

— Sim, com certeza. Mas é importante entender a diferença entre alimentar-se e nutrir-se — afirma Paula.

Alimentos integrais, vegetais frescos, frutas, castanhas e legumes, além de saciar, oferecem nutrientes que sustentam o corpo e a mente com mais vigor. E esse bem-estar se reflete também no desejo sexual e na manutenção de uma vida amorosa ativa.

Paula destaca o aprendizado das chamadas Zonas Azuis — regiões onde pessoas vivem mais e melhor: Okinawa (Japão), Sardenha (Itália), Nicoya (Costa Rica), Ikaria (Grécia) e Loma Linda (EUA). O conceito, criado pelo jornalista e produtor americano Dan Buettner, que venceu três prêmios Daytime Emmy em 2024 com o documentário Life to 100, ajuda a entender os pilares da longevidade.

Entre os pontos comuns nesses lugares:

  • Dieta baseada em vegetais frescos e alimentos preparados em casa
  • Consumo de carne e produtos animais de forma pontual, não como base alimentar
  • Prática do “mindful eating”, ou comer com atenção plena — valorizando o sabor, reconhecendo sinais de saciedade e evitando exageros

— Comer menos e melhor é uma estratégia poderosa”, ressalta Paula. “Inclusive, parar de comer antes de estar 100% saciado pode ajudar o organismo a evitar excessos e manter níveis de energia mais equilibrados — destaca.

No dia a dia, priorizar água e sucos naturais sem adição de açúcar também é um passo simples e eficaz para manter o corpo funcionando bem.

Quais hábitos diários ajudam a manter o bem-estar e os relacionamentos depois dos 70?

O estudo Danish Twin Study, da Dinamarca, concluiu que apenas 20% da longevidade é determinada pelos genes. Os outros 80% estão ligados ao estilo de vida e ao ambiente.

— Isso nos dá liberdade e responsabilidade. Mesmo que o envelhecimento seja inevitável, a forma como envelhecemos é uma escolha diária — afirma Paula.

Algumas práticas que fazem diferença:

  • Alimentação consciente: Envolver a família na compra e preparo dos alimentos, plantar hortas e fazer refeições juntos fortalece laços e hábitos saudáveis
  • Atividade física regular: Ter uma rotina de exercícios, de preferência com a companhia de alguém, ajuda na motivação e no bem-estar
  • Conexão emocional: Manter contato com a natureza, ouvir músicas que trazem paz e cultivar vínculos com pessoas queridas são atitudes que nutrem a alma
  • Convívio social: Participar de grupos, manter amizades e estar cercado de pessoas com hábitos saudáveis fortalece a sensação de pertencimento
  • Autoconhecimento: Meditação, respiração consciente e tempo para si são formas de cultivar equilíbrio emocional e clareza mental

— A longevidade não é apenas sobre os anos que vivemos, mas sobre a qualidade deles. Sentir-se bem, mais leve e com energia renovada é possível — e compartilhar essa jornada com quem amamos torna tudo ainda mais valioso — finaliza Paula Végah.