Empreendedora do RS cria marca que transforma óleo usado em sabão sustentável

Após mais de uma década em situação de rua, Moraes conseguiu se abrigar na casa de alguns parentes e, pouco depois, entrou em um centro de recuperação, onde recebeu o apoio necessário para se reintegrar ao mercado de trabalho. Foi então que ela começou a coletar óleos de cozinha usados e transformá-los em sabão, uma prática popular há muitos anos e transmitida de geração em geração.

Em 2021, a gaúcha decidiu transformar seu trabalho informal em um negócio. Assim, ela se registrou como Microempreendedora Individual (MEI) e inaugurou o Sabão da Tinga. O negócio tem dois pilares principais: a venda de sabão feito a partir de óleo usado e a capacitação profissional. Moraes ensina outras pessoas a criarem suas próprias marcas e também ministra palestras e aulas de educação ambiental em escolas. Mais de 120 pessoas já foram impactadas.

“A gente mostra que as pessoas das periferias também podem ter acesso a produtos biodegradáveis de forma acessível. É uma maneira de democratizar o acesso a produtos sustentáveis. Além disso, ensinamos como transformar algo que seria descartado de forma incorreta, como o óleo, em um recurso útil”, conta.

Além do sabão, o negócio de Moraes também gera receita ao vender itens que não foram utilizados na produção, como as garrafas plásticas, que servem para o armazenamento do óleo, e os resíduos sólidos no fundo das garrafas, como os restos de alimentos do óleo. Esses resíduos são vendidos para parceiros que produzem biodiesel e também ração animal.

Os produtos são comercializados presencialmente, e também em marketplace, com pedidos realizados pelo WhatsApp. Em média, os sabões são vendidos por preços que variam entre R$ 8 e R$ 20.

A empreendedora afirma que ainda não vive 100% da marca, já que o faturamento mensal é um pouco superior a R$ 2 mil. Por isso, ela também exerce a função de educadora ambiental, complementando sua renda e contribuindo para a conscientização sustentável.

Em 2024, o negócio recebeu dois importantes aportes. O primeiro, do Instituto Helda Gerdau, por meio do edital Amplitude Perifa, no valor de R$ 30 mil. O segundo, do Recria POA, um programa de aceleração de negócios de impacto de Porto Alegre, que concedeu R$ 7,5 mil. Esses recursos serão usados para potencializar a marca em 2025, além de possibilitar a aquisição de um galpão verde, onde os produtos poderão ser fabricados. Atualmente, a produção é feita na casa da própria empreendedora.

Moraes se orgulha em contar que a empresa opera com base nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS): 1 (erradicação da pobreza), 6 (água limpa e saneamento), 8 (emprego digno e crescimento econômico), 10 (redução das desigualdades), 12 (consumo e produção responsáveis) e 13 (combate às mudanças climáticas).

Para a empreendedora o maior desafio é conscientizar as pessoas sobre a reeducação ambiental, destacando a importância de reaproveitar óleos usados e consumir produtos sustentáveis. Ela também busca incentivar a preferência por pequenos negócios que combatem a cultura do descarte incorreto, promovendo um consumo mais responsável e consciente.