Emoções e sentimentos: você sabe a diferença?
Conhecer a diferença entre emoção e sentimento facilitará o autoconhecimento, e isto é importante para o desenvolvimento da inteligência e do controle emocional dos seres humanos.
Estes termos, apesar de comumente serem usados como sinônimos, representam processos mentais distintos, ainda que relacionados e envolvidos diretamente nas decisões e reações humanas. Por isso, ter habilidade para lidar com eles é muito importante.
O conceito de emoção abrange todas as reações instintivas do cérebro a estímulos externos recebidos. Assim, trata-se de uma resposta tanto neural quanto motora autônoma, que não passa pelos filtros do pensamento para existir.
Segundo Denise Savi, psicóloga, especialista em Ciência da Felicidade, “As emoções são universais e envolvem mudanças fisiológicas, como alterações na frequência cardíaca, tensão muscular e expressões faciais”. Como exemplo das principais emoções humanas, podemos citar: a inveja, a ansiedade, a tristeza, a alegria, o tédio, o medo, o nojo e a raiva.
Os especialistas classificam as emoções em três tipos: primárias, secundárias e de fundo. Tal classificação se baseia no nível de consciência em que estas atuam e quão identificáveis são tanto em relação a quem as sente quanto a quem está ao redor. As emoções primárias são facilmente perceptíveis pelas pessoas que estão próximo, como nojo, surpresa e alegria. Aquelas classificadas como secundárias são menos visíveis, mas não passam completamente despercebidas Como exemplo destas pode-se enumerar: o ciúme, a culpa, a admiração etc. Já as emoções classificadas como de fundo são difíceis, tanto de detectar quanto de identificar; dentre estas estão: tensão, angústia e a calma, por exemplo.
Como vimos, as emoções se caracterizam por serem reações fisiológicas automáticas e momentâneas a estímulos externos, e não envolvem o raciocínio. Já o sentimento, ativa muito o pensamento, tem um forte componente cognitivo, ou seja, é pelo pensamento que se constrói o sentimento. Este se caracteriza por constituir estados emocionais mais complexos e duradouros. Em resumo, pode-se dizer que os sentimentos surgem quando o cérebro processa e atribui significado às emoções, integrando-as com pensamentos e memórias passadas. Portanto, os sentimentos são a interpretação consciente e subjetiva das emoções.
É importante admitir que há uma relação prática entre emoção e sentimento, afinal, como vimos, são as emoções que desencadeiam os sentimentos que, por sua vez, podem gerar outras reações emocionais, criando um ciclo psicológico em que um origina o outro.
Um exemplo desta relação entre emoção e sentimento é o relatado pela especialista já citada, Denise Savi: “…Sentir gratidão após receber um presente é um sentimento que se desenvolve a partir da emoção inicial de surpresa e alegria. Sentimentos como amor, saudade, ou ressentimento são construídos a partir de nossas experiências, valores e interpretações pessoais das emoções que vivenciamos”; conclui a referida psicóloga.
Apesar desta estreita simbiose entre emoção e sentimento não se deve esquecer que, enquanto a primeira é instintiva e não depende do pensamento, o sentimento percorre o pensamento e o processo cognitivo mental de elaboração para se estabelecer. Sendo este, portanto, muito mais complexo e profundo. São exemplos de sentimentos: tristeza e felicidade; amor e ódio; compaixão e decepção etc.
Enfim, desejo boas emoções e consequentemente ótimos sentimentos! E, se que quiser saber um pouco mais, de maneira lúdica, sobre esse tema, assista aos dois filmes Divertidamente 1 e 2. A sua criança interna não irá se arrepender.
*Deusimar Wanderley Guedes: Educador físico, psicólogo e dvogado. Especialista em Criminologia e Psicologia Criminal Investigativa. Ex-agente Especial da Polícia Federal Brasileira, sócio da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas e do Instituto Brasileiro de Justiça e Cidadania. Autor de livros sobre drogas.