Emissões entre 1% mais rico ameaçam meta climática do Acordo de Paris
As emissões de dióxido de carbono entre o 1% mais rico do mundo devem superar em 30 vezes o limite que seria necessário para manter o aquecimento global abaixo de 1,5ºC, de acordo com um novo estudo da Oxfam, em meio a pedido de cientistas para que governos restrinjam o “consumo carbônico de luxo”, que engloba jatos particulares, iates e turismo espacial.
Para alcançar as metas do Acordo de Paris, cada pessoa na Terra precisa reduzir emissões de CO2 para uma média de 2,3 toneladas até 2030, cerca da metade da média atual, cita a pesquisa divulgada nesta quinta-feira, 4, na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26).
O estudo intitulado foi encomendado pela Oxfam e tem como base trabalhos do Instituto de Política Ambiental Europeia (IEEP) e do Instituto Ambiental de Estocolmo (SEI).
O 1% mais rico, por sua vez, deve liberar 70 toneladas por ano se a tendência atual de consumo continuar, de acordo com o estudo. No total, o grupo será responsável por 16% de todas as emissões até 2030, um salto grande em relação aos 13% em 1990.
Entre os 50% mais pobres do mundo, a média será de uma tonelada de CO2 por ano.
“Uma pequena elite parece ter um passe livre para poluir”, disse Nafkote Dabi, chefe de políticas climáticas da Oxfam, que encomendou o estudo, que por sua vez tem como base trabalhos do Instituto de Política Ambiental Europeia (IEEP) e do Instituto Ambiental de Estocolmo (SEI). “As emissões superdimensionadas estão impulsionando os eventos climáticos extremos a o redor do mundo e prejudicando a meta internacional de limitar o aquecimento global”.
Para Jamie Livingstone, chefe da Oxfam Escócia, onde a COP26 está acontecendo, disse que a cúpula representa “um momento de verdade na luta contra a mudança climática”.
“Líderes globais precisam concordar em maneiras de conter emissões excessivas e limitar o aquecimento global. E precisam fazer isso aqui e agora em Glasgow”, disse. “Atrasos custam vidas”.
Especialistas do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, argumentam que para alcançar a meta do Acordo de Paris o lançamento de carbono na atmosfera deveria ser cortado pela metade até 2030 e as emissões líquidas cortadas até 2050. Caso contrário, o limite seria alcançado entre 2030 e 2052.
Em relatório publicado em agosto, o IPCC indicou que o aquecimento global está avançando mais rapidamente do que o esperado e que a atividade humana está alterando o clima do planeta de maneiras “sem precedentes”. Além disso, algumas das mudanças já se tornaram “irreversíveis”.
Segundo o IPCC, os picos de temperatura passarão a ser mais frequentes conforme o planeta fica mais quente. Não existem mais dúvidas de que a humanidade é a responsável pelo avanço do aquecimento global. Para os cientistas, a questão não é mais se a temperatura poderá ou não subir, mas sim quanto.