Em 20 anos, redução do sódio nos alimentos pode evitar 2,6 mil mortes
Uma pesquisa estimou que em 20 anos, a redução do sódio nos alimentos pode evitar 2,6 mil mortes, além de prevenir mais de 180 mil novos diagnósticos de doenças cardiovasculares associadas à hipertensão no Brasil. A ação também pode evitar 12 mil mortes por outras causas também relacionadas ao excesso sódio.
A conclusão é conforme um estudo da Universidade de São Paulo (USP) junto com a Universidade de Liverpool, no Reino Unido, publicado nesta terça-feira (28).
“O estudo teve por objetivo estimar o impacto das atuais metas voluntárias de redução do sódio no Brasil em um período de 20 anos e, a partir disso, trazer evidências para a implementação de políticas mais efetivas para a prevenção de mortes e de doenças associadas ao consumo excessivo de sódio pelos brasileiros”, esclareceu o pesquisador do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens), da Universidade de São Paulo, Eduardo Nilson.
Desde 2011, está sendo estabelecido no Brasil algumas metas para o teor máximo de sódio em alimentos prioritários de forma voluntária entre o Ministério da Saúde e a Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (Abia), para promover reduções graduais no teor de sódio nesses produtos.
Já de 2011 até 2018, os pesquisadores identificaram a redução de 0,1 grama por dia (g/dia) , passando de 3,7g/dia para 3,6g/dia. Com isso, foram estimadas as mortes e doenças cardiovasculares que serão evitadas no prazo de 20 anos.
A Organização Mundial da Saúde recomenda que o consumo máximo de sódio seja de apenas 2g/dia, enquanto o pesquisador informou que, se as metas de redução se aproximassem da recomendação e atingissem todo o mercado de alimentos, mais mortes poderiam ser evitadas no país. Contando que as metas atingem atualmente as associadas à Abia, a qual representa cerca de 70% da indústria brasileira de alimentos.
Excesso de sódio
O excesso de sódio na rotina está associado ao aumento da pressão arterial que, causada de diversas doenças cardiovasculares, conforme pontuou o Eduardo Nilson.
Além dos benefícios para a saúde, ele apontou que a redução de sódio acaba refletindo no Brasil. A partir das metas voluntárias em vigor no país, a economia pode chegar – nas próximas duas décadas – a US$ 220 milhões em custos de tratamento ao Sistema Único de Saúde (SUS) e US$ 71 milhões em custos informais com a saúde pelas famílias.
Com isso, o consumo excessivo de sódio também é responsável por custos econômicos diretos e indiretos, que são os gastos com o tratamento das doenças e das perdas econômicas.
“O excesso de sódio representa gastos diretos de mais de R$. 622,6 milhões ao ano com hospitalizações, procedimentos ambulatoriais e medicamentos ao SUS. Ao mesmo tempo, somente as mortes precoces pelas doenças cardiovasculares causadas pelo consumo excessivo de sódio representam R$ 2,64 bilhões de reais ao ano em perdas à economia brasileira pela retirada dessas pessoas do mercado de trabalho”, explicou Nilson.
Além disso, o pesquisador alertou da necessidade de atuar em frentes para avançar na redução do consumo de sódio, ainda mais com o sal de cozinha e temperos à base de sal que são bem presentes na alimentação. Para ele, é de suma importância o fortalecimento da implementação das orientações do Guia Alimentar para a População Brasileira.