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Doce veneno ‘Inimigo silencioso’, açúcar oculto está presente até em alimentos ‘saudáveis’

Doce veneno ‘Inimigo silencioso’, açúcar oculto está presente até em alimentos ‘saudáveis’

O perigo maior está nos ‘açúcares ocultos’, presentes em pães de forma, molhos prontos, iogurtes ‘light’ e até alimentos que se dizem saudáveis

Quem nunca se rendeu a um pedaço de bolo fofo, a um brigadeiro brilhando na mesa de festa ou a um refrigerante gelado em um dia quente? O açúcar parece ter conquistado o trono absoluto do prazer rápido, aquele que desperta a sensação de conforto imediato. Mas por trás desse doce reinado existe um inimigo silencioso, que se instala pouco a pouco no organismo, alimenta inflamações e pode abrir as portas para doenças crônicas que roubam qualidade e expectativa de vida. Entender esse processo é fundamental para que possamos retomar o controle da nossa saúde e fazer escolhas mais conscientes.

O açúcar refinado, presente em grande parte dos alimentos industrializados, não é apenas uma questão de calorias vazias. Ele atua como gatilho para uma série de reações metabólicas que promovem inflamação. Ao ser consumido em excesso, aumenta os níveis de glicose no sangue, levando a uma liberação exagerada de insulina. Esse ciclo, repetido diariamente, provoca resistência insulínica, condição que está na base da obesidade, do diabetes tipo 2 e de doenças cardiovasculares.

O açúcar favorece a formação dos chamados produtos finais de glicação avançada (AGEs), que se acumulam nos tecidos, danificam proteínas, aceleram o envelhecimento celular e intensificam a inflamação. Esse processo sustenta uma inflamação crônica de baixo grau, silenciosa e persistente, que contribui para doenças graves como câncer, hipertensão e Alzheimer.

Um estudo publicado no Journal of the American College of Cardiology mostrou que pessoas que consomem bebidas açucaradas regularmente apresentam maior risco de mortalidade precoce por doenças cardiovasculares. Pesquisas da Escola de Saúde Pública Harvard também evidenciaram que a ingestão elevada de alimentos ultraprocessados e ricos em açúcar está ligada a um aumento expressivo no risco de depressão, especialmente em mulheres. Esses resultados demonstram que os danos do consumo excessivo de açúcar vão além do peso, afetando também o cérebro e a saúde mental.

E não se trata apenas do açúcar adicionado ao cafezinho. O perigo maior está nos “açúcares ocultos”, presentes em molhos prontos, pães de forma, iogurtes “light” e até alimentos supostamente saudáveis, como barrinhas de cereais. Muitas vezes, o consumidor não se dá conta de que ultrapassa facilmente a recomendação máxima da Organização Mundial da Saúde (OMS): no máximo 25 g de açúcar livre por dia — o equivalente a seis colheres de chá. Uma única lata de refrigerante já contém o dobro dessa quantidade.

A inflamação induzida pelo açúcar ainda impacta diretamente o sistema imunológico. Ao desregular o metabolismo, ela enfraquece as defesas do corpo, tornando-nos mais suscetíveis a infecções. Além disso, o excesso de glicose circulante altera o equilíbrio da microbiota intestinal, favorecendo bactérias nocivas e prejudicando aquelas que contribuem para a saúde. Esse desequilíbrio, conhecido como disbiose, também alimenta processos inflamatórios e pode repercutir no humor, na digestão e até no sono.

Não se trata de demonizar o doce. O problema está na frequência e na quantidade. Pequenas doses ocasionais são toleradas, mas o consumo diário e excessivo transforma o açúcar em vilão. Frutas in natura, ricas em fibras e vitaminas, são alternativas mais saudáveis, e adoçantes naturais como estévia e eritritol podem ajudar, desde que usados com moderação.

Romper com o reinado do açúcar exige consciência e atitude. Ler rótulos, reduzir gradualmente o consumo e dar preferência a alimentos naturais são passos concretos para resgatar a saúde. Pequenas trocas, como substituir o refrigerante por água com gás e limão, ou o biscoito recheado por uma fruta fresca, já fazem enorme diferença a longo prazo.