Dieta à base de plantas reduz pela metade pegada de carbono e poupa 33% do uso da terra
Alimentação estritamente vegetal supera outras dietas na redução da pegada de carbono, no consumo de água e na ocupação de terras agrícolas
A adoção de uma dieta vegana pode reduzir pela metade a pressão humana sobre os ecossistemas, indica uma nova pesquisa. O estudo, publicado na revista Frontiers in Nutrition, modelou cardápios completos e descobriu que a alimentação estritamente vegetal supera outras dietas na redução da pegada de carbono, no consumo de água e na ocupação de terras agrícolas. A análise oferece um retrato detalhado de como escolhas alimentares reverberam diretamente na saúde do planeta.
A equipe de pesquisadores, liderada pela Dra. Noelia Rodriguez-Martín, elaborou quatro modelos de cardápios semanais balanceados, todos fornecendo 2.000 quilocalorias diárias. As dietas incluíam uma onívora (mediterrânea), uma pesco-vegetariana, uma ovo-lacto-vegetariana e uma vegana. Cada menu foi minuciosamente planejado para atender às recomendações nutricionais de entidades internacionais. Para calcular o impacto ambiental, os cientistas utilizaram o banco de dados público AGRIBALYSE, que mede uma gama de indicadores, desde a emissão de gases de efeito estufa até a ecotoxicidade.
Os resultados ambientais foram contundentes. A dieta vegana registrou apenas 2,1 kg de equivalentes de CO₂ por dia, uma queda de 46% em comparação com os 3,8 kg da dieta onívora. O uso da terra apresentou uma redução ainda mais expressiva, de 33%. O consumo de água também caiu, passando de 10,2 metros cúbicos para 9,5 metros cúbicos diários. O padrão se manteve claro: quanto maior a presença de alimentos de origem vegetal no cardápio, menor o rastro de danos ambientais.
Nutricionalmente, os três cardápios baseados em plantas se mostraram adequados e capazes de suprir a maioria das vitaminas e minerais essenciais. A pesquisa identificou que apenas a vitamina D, o iodo e a vitamina B12 exigem atenção especial em dietas sem nenhum produto animal. O estudo reforça que a transição para um modelo alimentar centrado em vegetais traz ganhos duplos, promovendo o bem-estar humano e a sustentabilidade.
O crescimento do veganismo em países como Alemanha e Reino Unido reflete uma mudança de comportamento que vai ao encontro dessas descobertas. A motivação para adotar uma dieta vegana frequentemente inclui a redução do risco de doenças não transmissíveis, que pode chegar a 21%. A pesquisa demonstra que os benefícios se estendem para além da saúde individual, atingindo a esfera ecológica. A substituição de ingredientes de origem animal por alternativas como tofu, tempeh e leguminosas mostrou-se uma estratégia eficaz para diminuir a incidência de doenças e a carga poluente.
Para aqueles que não pretendem eliminar completamente a carne e os laticínios, a mensagem da ciência é de incentivo aos passos intermediários. As dietas pesco-vegetariana e ovo-lacto-vegetariana também registraram melhorias ambientais significativas em relação à dieta onívora, com reduções de 35% nas emissões de carbono. Cada refeição que prioriza vegetais representa uma contribuição mensurável para a construção de um sistema alimentar mais resiliente. A pesquisa conclui que a mudança gradual já produz impactos positivos, tornando a alimentação uma ferramenta poderosa para a transformação socioambiental.
