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Dia de proteção aos manguezais: 26 de julho

Dia de proteção aos manguezais: 26 de julho

Valor dos serviços prestados pelos manguezais brasileiros pode chegar a US$ 5 bilhões. Sequestro de carbono é 57% maior do que em outras vegetações tropicais.

Dia de Proteção aos Manguezais, comemorado em 26 de julho, foi criado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) para estimular a proteção desse ecossistema fértil e cada vez mais raro na fronteira entre a terra e o mar.

De acordo com a agência das Nações Unidas, mais de três quartos dos manguezais do planeta estão em perigo, representando uma ameaça ao equilíbrio natural no combate às mudanças climáticas, favorecendo a ocorrência de inundações e a degradação das áreas costeiras.

No Brasil, do ponto de vista econômico, o estudo “Oceano Sem Mistérios: desvendando os manguezais”, organizado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, evidencia que o valor estimado dos benefícios gerados pelos manguezais, especialmente por meio do turismo e da pesca, atinge US$ 5 bilhões.

“Em algumas localidades, os manguezais podem contribuir com até 50% da pesca artesanal, alimentando o ciclo de vida de espécies marinhas de grande valor comercial, como robalos, tainhas, siris, ostras e caranguejos. Além disso, o turismo também se beneficia desses ecossistemas devido às suas paisagens únicas”, explica Emerson Oliveira, gerente de Conservação da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.

Os manguezais estão presentes em 338 municípios, ao longo do litoral brasileiro, do Amapá a Santa Catarina.

Foto: Climatempo

26 de julho: Dia de proteção aos manguezais (Arte Climatempo)

Esses ambientes contribuem para a manutenção da vida marinha, sendo um ecossistema importante para a reprodução e desenvolvimento de inúmeras espécies.

Os manguezais são importantes para prevenir a erosão da costa, preservando a infraestrutura urbana das regiões costeiras contra a força das marés e dos ventos vindos do mar.

O mesmo levantamento aponta ainda que o sequestro de carbono é 57% maior em manguezais do que em outras vegetações tropicais. Só nos manguezais do estado do Pará, por exemplo, o valor de carbono estocado representa R$ 1,17 bilhão (R$ 5,3 mil por hectare).

O professor Ronaldo Christofoletti, do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), explica que os manguezais, no entanto, sofrem impactos de resíduos e poluentes provenientes dos rios e das praias.

“Tudo o que vem pelos rios vai parar no manguezal. Ele funciona como um filtro, acumulando esses resíduos, poluentes químicos e todo tipo de lixo descartado de forma incorreta. Devido às suas raízes aéreas, os manguezais concentram muitos sedimentos e resíduos, fato que, inclusive, é usado por pessoas mal-intencionadas para justificar sua remoção”, salienta Christofoletti.

Outras atividades que causam impacto negativo incluem a mineração, a sobrepesca, a agricultura e a carcinicultura, que é a criação de camarão em cativeiro. De acordo com o levantamento, a área de mangue desmatada necessária para cultivar 1 kg do crustáceo equivale à emissão de CO2 produzida por um carro econômico percorrendo 100 quilômetros.

“Mangue Doce” e “Caminhos do Manguezal”

“Mangue Doce” e o “Caminhos do Manguezal” fazem parte das ações do movimento Viva Água Baía de Guanabara, iniciativa que une diversos setores para fortalecer a segurança hídrica e adaptação às mudanças climáticas, por meio de estratégias de conservação da natureza e transição para uma economia regenerativa.

O projeto “Mangue Doce” busca contribuir para a melhoria da sociobiodiversidade, com ações de restauração e conservação de manguezais na APA de Guapi-Mirim, em São Gonçalo. O objetivo é favorecer a restauração do ecossistema e gerar renda alternativa para as famílias da região por meio da produção de mel. Este projeto recebe o apoio do LAB Viva Água, um dos formatos da Teia de soluções, iniciativa da Fundação Grupo Boticário.

Em 2022, o Programa Natureza Empreendedora, também da Fundação Grupo Boticário, premiou a iniciativa “Caminhos do Manguezal” como um dos três negócios de impacto socioambiental positivo na Baía de Guanabara que participaram do Programa.

A iniciativa, liderada pela Cooperativa Manguezal Fluminense, é de base comunitária e promove o ecoturismo e o turismo náutico direcionado a visitantes, pesquisadores, professores e estudantes da região. O negócio visa enfrentar o desmatamento, a degradação ambiental dos manguezais e busca a valorização das comunidades locais.