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Desmatamento na Amazônia cai, mas devastação aumenta no Cerrado

Desmatamento na Amazônia cai, mas devastação aumenta no Cerrado

O Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil, só fica atrás da Amazônia. Mesmo não tendo uma vegetação grandiosa como da Floresta Amazônica, o ecossistema tem um papel essencial equilíbrio da natureza.

O primeiro trimestre de 2024 manteve uma tendência que surgiu em 2023 nos alertas de desmatamento.

Os dados do Inpe divulgados nesta sexta-feira (12) fazem parte do Deter, monitoramento que acompanha a situação em tempo real e emite alertas para equipes de fiscalização.

Em março, 162 km² da Amazônia ficaram sob alerta de desmatamento – uma queda de 54% em relação a março de 2023. Na análise do primeiro trimestre também houve redução: de 844 km² para 507 km² – menor taxa de desmatamento para o primeiro trimestre desde 2017.

No Cerrado, a situação piorou. Em março, os alertas de desmatamento atingiram 523 km² – patamar mais alto da série histórica que, no Cerrado, começou em 2018. Quase 24% a mais do que em 2023. Já no primeiro trimestre, a área desmatada alcançou 1.475 km² – uma área equivalente quase a cidade de São Paulo.

“O Cerrado, como ele tem a legislação, permite que você desmate até 80% daquela área dentro da propriedade. Então, a maior parte do desmatamento que está acontecendo agora é um desmatamento autorizado. Mas se nós desmatarmos 80% do Cerrado, qual o impacto que isso vai ter?”, explica Cláudio Almeida, coordenador do Programa de Monitoramento/ Inpe.

O Ministério do Meio Ambiente tem declarado que é preciso um trabalho em conjunto com os estados para reduzir esses índices.

“São os estados que, pela legislação florestal, emitem as autorizações de supressão de vegetação. Mas ainda tem, também, um índice importante de ilegalidade no Cerrado, que precisa ser combatido e está sendo combatido. Fizemos uma reunião uma semana atrás com governadores de oito estados do Cerrado e criamos uma força tarefa para atuar com muita força sobre o desmatamento ilegal e discutir o que é possível fazer em termos de incentivos econômicos para conservação do Cerrado”, afirma André Lima, secretário Nacional de Controle dos Desmatamento do Ministério do Meio Ambiente.

O Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil, só fica atrás da Amazônia. E mesmo não tendo uma vegetação grandiosa como da Floresta Amazônica, o Cerrado tem um papel essencial no equilíbrio da natureza.

O solo é mais arenoso e a vegetação típica tem raízes profundas. Por isso, o bioma é conhecido como “floresta invertida”, característica fundamental para garantir a segurança hídrica.

“A gente fala não só para consumo humano, mas também para geração de energia. A gente já está vendo uma redução significativa na vazão dos rios do Cerrado e um avanço do sistema climático desértico, árido, para dentro do bioma. O que nos preocupa muito é que a gente não tem muito tempo para pensar soluções e para implementar essas soluções”, diz Ana Carolina Crisostomo, especialista em Conservação do WWF – Brasil.