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Crise climática é um problema financeiro e político, diz Geoffrey Heal, da Columbia University

Crise climática é um problema financeiro e político, diz Geoffrey Heal, da Columbia University

Evento em Nova York sobre o potencial do Brasil na agenda climática debateu a importância do financiamento para tirar do papel as soluções, especialmente em países em desenvolvimento

Tecnologia para resolver alguns dos problemas climáticos já existem, o que falta é financiamento para que elas possam ser adotadas, segundo o professor de empreendimentos sociais da Columbia University, Geoffrey Heal.

“Nós podemos ir em frente e substituir combustíveis fósseis imediatamente. O real problema, na verdade, é financiamento”, Heal disse durante o Brazil Climate Summit, um evento que reúne em Nova York na quinta e sexta-feira cerca de 600 pesquisadores, ambientalistas, empreendedores e empresários para discutir os desafios e as oportunidades da agenda climática no Brasil.

De acordo com o professor, diante da necessidade de trilhões de dólares para lidar com a agenda climática nos próximos anos, países ricos como os Estados Unidos e a Alemanha podem gerar seus recursos financeiros. No entanto, países como a Índia e as nações africanas não possuem as mesmas condições.

“Precisamos desenvolver maneiras para incentivar o fluxo de dinheiro transfronteiriço para ajudar esses países que são menos desenvolvidos financeiramente. Eu vejo a solução das mudanças climáticas como uma meta financeira agora”, Heal afirmou. “Vejo mais como um problema financeiro e político, muito mais do que um problema de engenharia.”

Não deve ser desculpa

No evento, Manual Belmar, diretor financeiro da Globo, afirmou que bons e sérios projetos para avançar na agenda climática conseguem atrair recursos. “Acredito que o financiamento não será um problema. E não deve ser uma desculpa para não seguir adiante”.

Em janeiro deste ano, a Globo Comunicação e Participações S.A. emitiu US$ 400 milhões em seu primeiro “sustainability linked bond”. O título, atrelado a metas ambientais de redução de emissão de gases do efeito estufa, tem maturidade de dez anos e taxa de retorno de 5,75% ao ano.

“Apesar de já sermos carbono neutros, trouxemos a ideia de que podemos reduzir nossa emissão em 30% até 2030 e 15% até 2026. Traçamos metas baseadas na ciência”, Belmar disse. A Globo ainda incorporou o escopo 3 em seus compromissos, o que envolve toda a cadeia de fornecedores em suas metas.

Haverá recursos?

A discussão sobre financiamento da agenda climática ganhou atenção durante o evento em Nova York.

Na quinta, Mark Wiseman, analista-sênior do Boston Consulting Group (BCG) e ex-chefe global de gestão ativa de ações da BlackRock, disse que o Brasil sempre foi uma “grande esperança de investimento” sustentável que nunca se materializou porque o prêmio de risco é muito elevado. “Não se materializou porque o fluxo de capital não conseguiu chegar ao país de um jeito que as pessoas achem que vão obter o retorno prometido”, afirmou.

No dia seguinte, Eduardo Sirotsky Melzer, CEO da empresa de private equity eB Capital, disse discordar sobre o elevado risco de investir no Brasil, em comparação com outros lugares. “Os problemas que discutimos requerem liderança. Se apenas justificarmos os motivos, não faremos mudanças.”