COP30: o saneamento básico é pauta climática
Belém (PA) recebe a COP30 de 10 a 21 de novembro para discussões sobre o futuro sustentável do nosso planeta
A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, a COP30, acontece em Belém (PA) a partir da próxima semana. Essa importante agenda reunirá líderes, especialistas e ativistas ao redor do mundo para colocar em pauta soluções de um futuro sustentável frente às questões climáticas e ambientais.
E qual a relação que pode ser feita entre saneamento básico e mudanças climáticas? O primeiro ponto é entender que os extremos climáticos intensificam desafios e criam riscos à operação de sistemas de água e esgoto. Secas, tempestades e ondas de calor afetam diretamente a infraestrutura, impactando a disponibilidade de água e podendo sobrecarregar os sistemas de esgoto.
Foi pensando nisso que, em 2024, o Instituto Trata Brasil divulgou o estudo “As Mudanças Climáticas no Setor de Saneamento: Como tempestades, secas e ondas de calor impactam o consumo de água?”, que busca entender as principais ameaças e riscos climáticos para o acesso à água tratada e à coleta e tratamento de esgotos, além de identificar os estados com maior exposição a esses riscos.
O estudo analisou três riscos climáticos que podem afetar o funcionamento dos serviços básicos:
- Tempestades: Podem sobrecarregar os sistemas de drenagem e de tratamento de esgoto, provocando alagamentos, rompimento de tubulações e contaminação de fontes de água potável.
- Ondas de calor: Podem impactar o volume dos corpos d’água, aumentar a contaminação e a demanda por energia, o que pode prejudicar a população. Também aumentam a demanda por água, pressionando os sistemas que, muitas vezes operam no limite de sua capacidade;
- As secas meteorológicas: Afetam o abastecimento dos mananciais, reduzindo a disponibilidade de água e levando à necessidade de racionamento, ou ao uso de fontes alternativas, muitas vezes de menor qualidade. Afetam diretamente a população, pois a falta de água limita o acesso aos serviços de saneamento básico e aumenta o risco de transmissão de doenças.
Esses impactos geram diversos problemas para a vida das pessoas. Uma casa alagada por esgoto após uma chuva forte, por exemplo, causa perdas materiais e risco de doenças. Dias de calor intenso sem água para beber, cozinhar ou para a higiene pessoal provocam estresse e adoecimento. Em áreas afetadas pela seca, a falta de água significa filas para buscar o recurso, racionamento e a impossibilidade de realizar tarefas diárias. Isso impacta a saúde, a dignidade e a produtividade da população.
E de que forma o país pode se preparar para isso? Para enfrentar o impacto dessas ameaças climáticas, é necessário que tanto o poder público quanto as empresas de saneamento adotem estratégias de adaptação climática. Ações que contribuem para redução dos riscos incluem:
- Elaboração de planos de adaptação das cidades às mudanças climáticas e de mitigação;
- A gestão integrada e sustentável dos recursos hídricos e incentivo a práticas de conservação e reuso de água são indispensáveis para mitigar os impactos das mudanças climáticas e garantir a segurança hídrica da população;
- Planejamento operacional que incorpore os riscos climáticos;
- Fortalecimento da infraestrutura de captação e tratamento de água e esgoto;
- Modernização dos sistemas de monitoramento e controle de qualidade da água e investimentos em tecnologia, como o reuso, contribuindo para diversificação das fontes de água;
- Maiores investimentos no setor de saneamento.
Levar o tema do saneamento a COP30 o alinha como uma ferramenta indispensável para a resiliência climática global. Ao integrar as discussões sobre saneamento à agenda climática, a conferência impulsiona o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 6 (ODS 6) da ONU – Água Potável e Saneamento. Isso garante comunidades mais preparadas para os desafios de um clima em mudança, protegendo a saúde dos habitantes, o bem-estar e o meio ambiente.
