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Consumo problemático de álcool pode estar atrelado à genética compartilhada

Consumo problemático de álcool pode estar atrelado à genética compartilhada

Estudo com dados de mais de 1 milhão de pessoas sugere medicamentos já aprovados que poderão tratar uso arriscado e frequente de bebidas alcoólicas no futuro

Pesquisadores estudaram dados genéticos de mais de 1 milhão de pessoas que fazem consumo excessivo de álcool habitualmente, incluindo indivíduos com ancestralidades europeia, africana, latino-americana, asiática-oriental e sul-asiática.

A enorme amostra revelou que o consumo problemático de bebidas alcoólicas pode estar atrelado a uma arquitetura genética compartilhada. A pesquisa foi publicada em 7 de dezembro na revista Nature Medicine.

As descobertas podem ajudar na compreensão genética do uso problemático de álcool, “uma característica que combina transtorno por uso de bebida alcoólica e problemas relacionados ao álcool avaliados por meio de um questionário”, segundo definem os cientistas.

O estudo é liderado por pesquisadores do VA Connecticut Healthcare Center da Escola de Medicina de Yale, nos Estados Unidos. A investigação se baseou em dados do Million Veteran Program (MVP), que foram combinados com informações de muitas outras fontes.

“Aproveitando as informações de multiancestralidade, identificamos 110 regiões genéticas e tivemos um mapeamento fino aprimorado das variantes causais potenciais em cada região”, disse o autor principal do estudo, Hang Zhou, professor assistente na Escola de Medicina de Yale, em comunicado.

A pesquisa é a maior até o momento para o uso problemático do álcool, com muitos genes de risco descobertos. Os cientistas usaram vários métodos, incluindo análises em 13 tecidos cerebrais e estudos da interação de cromatina no cérebro (um complexo de DNA, RNA e proteínas).

“Um dos produtos mais importantes desta pesquisa é a informação fornecida sobre o risco de uso problemático do álcool em todo o genoma”, disse Joel Gelernter, autor sênior do estudo. Ele afirma que os resultados permitiram até mesmo sugerir alguns medicamentos já aprovados que podem se tornar ferramentas para tratar este quadro no futuro, após novas pesquisas.

Além de servir para identificar tratamentos, o estudo calculou “pontuações de risco poligênico” (PRS, na sigla em inglês), possivelmente úteis para estimar o risco genético de cada pessoa em consumir abusivamente álcool.

Embora o PRS que os pesquisadores calcularam não esteja pronto para uso clínico, eles testaram os resultados em centenas de características médicas de vários biobancos norte-americanos, incluindo o Biobanco da Universidade Vanderbilt, BioMe do Mount Sinai, Biobanco do Mass General Brigham e Biobanco da Penn Medicine.

“Este estudo avança nosso conhecimento sobre a etiologia genética do consumo problemático de álcool, e essas descobertas podem trazer uma possível aplicabilidade clínica das percepções genéticas, juntamente com a neurociência, a biologia e a ciência de dados”, concluíram os autores.