Conheça a cratera em Nova Iguaçu que virou tema após estrondos misteriosos

“O vulcão de Nova Iguaçu, ele não está adormecido, ele não vai acordar. Ele já existiu há muitos anos. E a população pode ficar tranquila. Já cessou a atividade magmática. Isso aconteceu há aproximadamente entre 145 milhões a 65 milhões de anos”, afirmou a geóloga Marcela Lobato, da Uerj.

A área onde está localizado o “vulcão” faz parte do Maciço do Mendanha, uma serra que corta boa parte da Baixada Fluminense.

“É produto de um processo erosivo, há milhares de anos, há mais de 60 milhões de anos. E, na verdade, para se classificar como edifício vulcânico, aquela região, aquela localidade deveria ter vários elementos, vários critérios”, disse Lobato.

Há dois anos, o Expedição Rio foi pertinho da cratera e conversou com o geólogo Carlos Eduardo Mota, que é cria de Nova Iguaçu e estudioso do tema, que desde criança o encantava.

“É uma série de morros em forma circular com uma depressão, uma área mais baixa. É um tipo de estrutura que não é comum acontecer aqui no Brasil, principalmente com a variedade de rochas que tem aqui dentro”, descreveu.

Carlos explica que o vulcão iguaçuano “tem uma feição de paisagem igual à do Fuji, no Japão, e à do Etna, na Itália” — este, um dos mais ativos do mundo.

Mas, ao contrário do vulcão siciliano e os do Círculo de Fogo — uma cadeia superativa que cruza o Pacífico —, o da Baixada é calminho.

“Esse tipo de vulcão que foi produzido aqui é chamado de intraplaca. A chance de ocorrer uma erupção aqui é no sabor do tempo geológico, pode passar de centenas de milhões de anos. Nem os netos dos netos dos netos vão ver”, afirmou o geólogo.

Já que a hipótese do vulcão foi descartada, moradores da região agora querem saber o que causou estrondos ouvidos em dois dias, no começo do mês.

“Foi um estrondo assustador, porque a gente não está acostumado, né? Foi uma coisa diferente, assim”, afirmou o técnico de radiologia Bruno Soares.

Em um condomínio de Queimados, todos os moradores contam que ouviram os barulhos que pareciam explosões. A primeira aconteceu no dia 5 de outubro, ao meio-dia, segundo os relatos.

“A gente desceu correndo, eu e meus filhos, ficamos aqui embaixo. A sensação que a gente tinha era que o prédio ia explodir, entendeu?”, afirmou a influenciadora Pâmela Morena.

Um segundo estrondo foi ouvido durante a noite, no dia seguinte.

As redes sociais foram tomadas de postagens relacionando a explosão ao chamado “vulcão de Nova Iguaçu”.