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Como o esverdeamento urbano está ajudando Cingapura a se recuperar da extensa perda de florestas

Como o esverdeamento urbano está ajudando Cingapura a se recuperar da extensa perda de florestas

Cingapura, o menor país do Sudeste Asiático, perdeu grande parte de sua cobertura florestal original no início do século XIX devido à agricultura. Mas desde a década de 1960, quando o país começou a implementar iniciativas de esverdeamento urbano, 47% de seus espaços foram revitalizados com vegetação, de acordo com um episódio do podcast da Mongabay publicado em julho.

Em conversa com o apresentador Mike DiGirolamo, Anuj Jain, diretor e ecologista principal da consultoria de biomimética bioSEA, explicou que, após a independência, com a intensificação da economia de Cingapura, a agricultura foi praticamente abandonada, permitindo que florestas secundárias se regenerassem.

“Cingapura é tropical”, disse Jain. “Então, se você deixar a terra em paz, ela rapidamente se transforma em floresta secundária.”

Embora a urbanização tenha levado à conversão de parte dessas florestas, “uma parcela significativa foi mantida como floresta secundária, para diferentes usos do solo, incluindo áreas militares e terras reservadas, que podem ser desenvolvidas no futuro”, acrescentou Jain, que trabalha na criação de ambientes ecologicamente sustentáveis e funcionais para pessoas e vida selvagem.

Atualmente, 18-20% do território de Cingapura é coberto por florestas secundárias, e uma pequena porcentagem ainda é floresta primária, enquanto o restante das áreas verdes são parques e jardins.

Jain destacou que os esforços de reflorestamento do país foram impulsionados por seu fundador e primeiro primeiro-ministro, Lee Kuan Yew, que também era um entusiasta da jardinagem.

“Isso mudou a forma como o governo enxergava o verde. Houve muito paisagismo urbano, plantio para tornar a cidade mais verde, e parques e jardins foram criados naquela época”, disse ele.

Hoje, Cingapura tem trabalhado para integrar vegetação em edifícios por meio de jardins verticais, que atraem diversas espécies de insetos, acrescentou Jain. O país também possui um movimento chamado “OneMillionTrees”, que visa plantar 1 milhão de árvores adicionais na ilha até 2030.

Como uma “cidade-jardim”, Cingapura já colhe os benefícios do esverdeamento urbano.

“A vegetação urbana traz muitos benefícios, claro, para a biodiversidade, protegendo espécies da flora e fauna”, disse Jain. “Mas os benefícios vão muito além. Estamos falando de regulação climática: como um espaço verde influencia o microclima da cidade? Quanto carbono ele sequestra? Quanto ar purifica? Quanta água ele ajuda a limpar, contribuindo para uma melhor gestão de águas pluviais?”

Além disso, os parques e jardins servem como “bons espaços públicos”, permitindo que as pessoas fiquem próximas da natureza, destacou Jain.

Cingapura também aprendeu a ser eficiente no uso da água, especialmente com as mudanças climáticas trazendo mais chuvas. A cidade-estado já utiliza suas áreas verdes para coletar água e direcioná-la para tanques de retenção que funcionam como zonas úmidas urbanas.

Traduzido de Mongabay.